Kama Sutra e Boterosutra – A arte do sexo

O Kama Sutra foi escrito no início do século IV por Vatsyayana Kamasutram. Ao contrário do que muitos pensam o Kama Sutra não é um livro de “putarias”, mas sim um verdadeiro compilado de descrições do comportamento sexual humano. Existem muitas falácias em torno do livro, e muitos pensam que é apenas um livro com ilustrações de posições sexuais. Vamos lá, que tal abrir um pouco a cabeça e conhecer um pouco mais sobre este livro?

Com o intuito de elevar o espírito e a consciência cósmica através do prazer, obtido pela prática do sexo, o livro foi escrito para as castas mais nobres da índia. O termo Kama Sutra significa “Manual do Amor”, pois Kama representa Amor e Prazer e Sutra significa guia, manual. Dentro da literatura sânscrita, o trabalho representa a união de três conceitos hindus “Darma”, “Artha” e “Kamadeva”.

O Dharma está voltado para os sentidos espirituais, ele é o centro de todas as filosofias, crenças e práticas ligadas ao metafísico. É tido como o caminho da verdade superior, a verdade real, o maior objetivo do homem na Terra.

O Artha representa a virtude, e ele deve sempre estar atrelado ao Dharma, que também representam os códigos de conduta regidos pela moral, ética e religião. Ilustra as virtudes da matéria, no sentido da riqueza, pois, para os hindus, a riqueza é quem oferece os meios para manutenção de outros pilares: família, atuação na sociedade e trabalho.

O Kamadeva representa o deus hindu do Amor. Dentro da mitologia hindu, ele é conhecido também pelos nomes: Ananga, Kandarpa, Manmatha, Manosij, Madan, Pushpavãn ou Kãma. Nas ilustrações hinduístas ele é mostrado carregando um arco e flechas decoradas com flores. É como a representação hindu do Cupido.

 

 

Indra Sinha é escritor e tradutor indiano, com criação na Inglaterra. É considerado com um dos maiores tradutores britânicos, tendo inclusive já traduzido o Kama Sutra. Ele escreveu um livro chamado “The Love Teachings of Kama Sutra”, e nele é explicado com maior clareza o conceito destes três pilares:

“Ao contrário do que muitos pensam, o Kama Sutra não é um manual de sexo, nem um trabalho sagrado ou religioso. Ele também não é, certamente, um texto tântrico. Na abertura de um debate sobre os três objectivos da antiga vida hindu - Darma, Artha e Kamadeva - a finalidade do Vatsyayana é estabelecer kama, ou gozo dos sentidos, no contexto. Assim, Darma (ou vida virtuosa) é o maior objetivo, Artha, o acúmulo de riqueza é a próxima, e Kama é o menor dos três.”

O Kama Sutra enfatiza o sexo como uma forma de arte, pois o sexo engloba todos os cinco sentidos: audição, tato, visão, paladar e olfato. Com a percepção e o uso dos cinco sentidos, trabalhamos a mente e a alma. O livro foi escrito para os homens, mas o foco maior é em como o homem deve se empenhar para que a parceira sinta excitação, pois o orgasmo feminino em conjunto com o masculino é uma forma de atingir o ápice da elevação carnal e espiritual. E o ápice do orgasmo feminino não é categorizado no livro como apenas tido com a penetração, com carícias também, sendo muitas delas com princípios no sexo tântrico, que são uma série de conceitos e práticas para prolongamento do prazer à dois. Nos ensinamentos hindus, o sexo nunca deve ser praticado de forma egoísta. A satisfação sexual deve ser mútua e é de obrigação do homem satisfazer sua parceira, e vice-versa.

Muitas pessoas pensam que o livro contém apenas ilustrações. Além das 64 posições sexuais ilustradas, há detalhes muito bem escritos de como praticá-las e também dicas de como aprimorar o erotismo. O sexo para os hindus, antes de tudo, é um ritual. E sendo um ritual, temos informações de como nos beneficiarmos da comida, óleos aromáticos, perfumes, músicas, massagens, inclusive o tipo de tecido que é utilizado. E por que isso tudo? Porque sexo engloba todos os 5 sentidos. Sexo é cheiro, estimulações visuais, auditivas, toque e paladar.

O Kama Sutra é muito utilizado para os casais apimentarem a relação ou tentar reavivar uma relação prestes a esfriar. No Kama Sutra e outras variações da obra (muitas foram escritas tendo o Kama Sutra como origem, acrescentando coisas modernas), prega-se que muitas das separações que ocorrem entre os casais: a falta de criatividade na vida sexual. Para os adeptos do Kama Sutra, o sexo tem sempre que ser desenvolvido, para que se evite a monotonia. No livro “Ananga Ranga”, o autor Kalyana Malla diz que “mulheres e homens casados só acabam nos braços de estranhos porque precisam de prazeres variados”. Dentro deste fator, o escritor escreveu este livro “Ananga Ranga”, que significa “marido” e “esposa”. O objetivo do Kama Sutra é sintetizar o quão importante é a união da força e energias femininas e masculinas para o equilíbrio da mente e do corpo, e claro, sem cair na monotonia.

 

 

 

Recentemente, o artista colombiano Fernando Botero, de 81 anos fez duas esculturas e vários desenhos em seu atelier em Mônaco, após ter lido o Kama Sutra. Antes disto, Botero fez uma escultura de uma mulher nua. Não achou o trabalho bom e então fez uma escultura de um homem e o colocou sobre a mulher, fazendo referencia ao ato sexual. Conhecido pelas obras terem um perfil feito por personagens “gordos”, o artista não pode deixar de manter este perfil característico no “Boterosutra”, que consiste de 70 imagens feitas em meados de maio e setembro.

“Há um grande potencial em dois corpos que se entrelaçam em diferentes posições. Posso explorar elementos do corpo humano de forma livre, em composições inesperadas”, diz Botero

Podemos observar que nas obras do Botero nesta série enfatizam mais a poesia do que o significado em si, mas não deixando de ser uma obra erótica. O autor das obras diz que o Kama Sutra é erroneamente interpretado e que não consegue enxergar pornografia na obra, pois é um livro que trata sobre o amor, sedução e união entre duas almas.

Interessou-se? Livre-se do tabu de que Kama Sutra é pornografia, ele pode mudar sua vida e fazê-lo enxergar de outra forma o sexo e o amor. Uma leitura obrigatória para uma vida sexual feliz e realizada. Que tal ir a uma livraria agora mesmo e começar já? Até a próxima!

“O beijo direto

O beijo inclinado

O beijo voltado

O beijo pressionado

Quando os lábios dos dois amantes entram em contato direto, temos o beijo direto.

Quando as cabeças dos dois amantes estão inclinadas uma para a outra, e quando nessa posição eles se beijam, praticam o beijo inclinado.

Quando um deles volta o rosto para o outro segurando-lhe a cabeça e o queixo, e então se beijam, temos o beijo voltado.

Finalmente, quando o lábio inferior é pressionado com muita força, ocorre o beijo pressionado. 1

Há ainda um quinto tipo de beijo, chamado “muito pressionado”, no qual o lábio inferior é agarrado entre dois dedos e, em seguida e depois de tocá-lo com a boca, um dos amantes o pressiona fortemente com o lábio.

Em matéria de beijos, pode-se ainda fazer uma aposta sobre qual dos amantes se apossará dos lábios do outro primeiro. Se a mulher perder, deve fingir que chora, fingir que afasta o amante agitando as mãos, afastando-se dele, discutindo e dizendo “façamos nova aposta”. Se perder da segunda vez, deve fingir um aborrecimento profundo e, quando o lábio inferior do amante estiver descoberto, ou ele estiver adormecido, deve apoderar-se de seu lábio inferior e segurá-lo entre os dentes para que não se solte. Poderá rir então, fazer barulho, zombar dele, dançar e dizer o que quiser à guisa de brincadeira, piscando e revirando os olhos. São essas as apostas e disputas no que se relaciona com os beijos, e que também se podem aplicar aos beliscões ou arranhões com unhas e dedos, mordidas e pancadas. Tudo isso, porém, só é adequado aos homens e mulheres tomados de grande paixão.” (Trecho do Capítulo II: O Beijo)

Via - Litera tortura