Igrejas históricas cobram entrada em Olinda/PE

Na Igreja de Santo Antônio do Carmo, em Olinda, são cobrados 
R$ 2. Foto:  Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Na Igreja de Santo Antônio do Carmo, em Olinda, são cobrados R$ 2. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Quando a turismóloga Vera Lúcia Leite, 58 anos, chegou com um grupo de turistas pernambucanos para visitar a Igreja Santo Antônio do Carmo, em Olinda, levou um susto. Uma placa ao lado de um balcão, sob os cuidados de um vigilante, informava que cada um deveria pagar R$ 2 pela entrada. Apesar de comum em outros estados brasileiros, como Minas Gerais, e em países como a Inglaterra, a cobrança aqui ainda chama a atenção e divide opiniões entre os frequentadores. Alguns chegam a desistir de entrar nos templos. Representantes da Igreja Católica destacam que o ingresso é necessário para arcar com as despesas dos prédios históricos. 

Reitor da Igreja do Carmo, frei Luiz Nunes Pereira explica que a cobrança começou a ser realizada há cerca de quatro meses porque os custos de manutenção, segurança e limpeza do templo são muito altos. “A ideia surgiu dos frades carmelitas. Essa igreja só realiza missas duas vezes na semana, às quartas-feiras e aos domingos. O dinheiro arrecadado entre os fiéis não é suficiente, não dá para pagar nenhum funcionário”, relatou. 

Segundo o reitor, as principais despesas estão relacionadas ao pagamento de seguranças, em regime de rodízio 24 horas, como forma de evitar o roubo de imagens sacras valiosas e históricas. 

O religioso lembrou que a taxa cobrada deve se tornar, em breve, um hábito de outras igrejas católicas históricas porque elas vêm perdendo fiéis. “Ao longo dos anos, o povo está se afastando”, lamenta. O Convento de São Francisco, no Carmo, também cobra um valor simbólico para a entrada. 

Vale lembrar que os fiéis continuam entrando nos templos religiosos gratuitamente em horários de missas. A Arquidiocese de Olinda e Recife destacou que essa atitude visa a manutenção. 

Vera Lúcia não concordou com a iniciativa e levou o grupo de turistas para visitar outros templos de Olinda. “A igreja é um local público, acho que as pessoas deveriam ser livres para entrar nela e só pagar se quiser”, pontuou. Já a aposentada Lindinaura Rameh, 67, teve uma opinião diferente. “Esse dinheirinho é para dar suporte. Dois reais é um valor pequeno”. 

Em Londres, por exemplo, o ingresso pode sair por cerca de US$ 12. Já a Basílica de Notre-Dame, em Montreal, cobra cinco dólares canadenses. São valores bem superiores aos cobrados pelas igrejas de Olinda.

Fonte - Diario de Pernambuco

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