Os 16 maiores mistérios não resolvidos da história

Há acontecimentos na história de nosso planeta que ainda não somos capazes de entender ou sequer descobrir as causas e motivos. 


Veja nossa galeria para conferir a lista que inclui desaparecimentos, manuscritos indecifráveis e fenômenos que ninguém soube explicar, apenas teorizar.

Via - MSN


  • Triângulo das Bermudas




Nos últimos 500 anos, navios e aviões desapareçam dentro de uma área triangular do norte do Oceano Atlântico, chamada de Triângulo das Bermudas. Essa região misteriosa fica sob jurisdição do Território Marítimo Britânico da Bermuda; Miami, Flórida, EUA e do território americano de Porto Rico

O artigo mais antigo a mencionar desaparecimentos na região foi no jornal The Miami Herald em 1950. Contudo, o termo "Triângulo das Bermudas" só foi idealizado por Vincent Gaddis em um texto publicado em 1964

Desde então, cientistas e amadores tentaram criar várias teorias sobre os desaparecimentos, desde monstros marinhos até a objetos voadores não identificados (OVNIs), mas ninguém conseguiu descobrir o motivo de tais ocorrências. Em agosto de 2018, um documentário do canal britânico Channel 5, chamado "O Enigma do Triângulo das Bermudas", alegou que os desaparecimentos podem ser atribuídos a ondas de 30 metros de altura que engolem navios e aviões que tentam navegar pela área.


  • Mary Celeste


O navio mercante americano foi encontrado à deriva, sem tripulação, no meio do Oceano Atlântico em 4 de dezembro de 1872. O único bote salva-vidas que poderia estar na embarcação estava desaparecido, mas o navio em si estava em perfeitas condições e repleto de suprimentos. O Mary Celeste saiu de Nova York, EUA em 7 de novembro de 1872, com sete membros da tripulação e o capitão, bem como sua esposa e a filha deles, de dois anos

Nenhum deles foi encontrado, segundo a revista Smithsonian. Teorias sobre o que aconteceu incluem trombas d'água, ataque de criaturas das profundezas, ataque de piratas e até um motim, mas nenhuma dessas ideias foi provada verdadeira.


  • Manuscrito Voynich




O manuscrito Voynich é um texto misterioso do século 15 escrito em um idioma desconhecido ou codificado. É uma mistura de escrita elegante, desenhos de plantas estranhas e pessoas nuas, que atraíram a atenção de vários pesquisadores, criptógrafos e linguistas. Infelizmente, ninguém, até hoje, conseguiu decifrar seu conteúdo

O nome vem de Wilfred M. Voynich, um vendedor de livros raros que adquiriu o documento da ordem jesuíta em 1912. Em 2016, uma pequena empresa espanhola chamada Siloe adquiriu os direitos de produzir réplicas do manuscrito para que ele pudesse ser acessado por mais pessoas.


  • A colônia perdida de Roanoke
(Pictured) The baptism of Virginia Dare.


A ilha de Roanoke, situada na costa da Carolina do Norte, EUA, foi estabelecida em 1585 por colonizadores britânicos. O governador da colônia, John White, voltou para a Inglaterra para trazer mais recursos, deixando sua esposa, filha, genro e neta, Virginia Dare, que acredita-se ser a primeira criança britânica a nascer nas Américas

Quando White voltou em 1590, ele encontrou uma colônia abandonada, com a palavra "Croatoan" em uma placa. Um das teorias mais populares é que os ocupantes da colônia fugiram para uma ilha próxima, na qual eles assimilaram-se com uma tribo nativo americana de mesmo nome.


  • Mohenjo Daro



Patrimônio Mundial da UNESCO, essa civilização antiga emergiu há 4,500 anos atrás, vivendo das planícies férteis do Rio Indus, até que, misteriosamente, ela desapareceu. A cidade de Mohenjo Daro era desconhecida até 1911, quando arqueólogos a encontraram

As escavações só começaram em 1921, quando foram descobertos sistemas avançados de drenagem e estilo de construção em grade. Até hoje, ninguém sabe o que aconteceu com essa civilização. Teorias incluem uma mudança súbita de curso do rio até a um ataque de invasores que usavam armas mais avançadas.


  • Stonehenge




Stonehenge, o monumento pré-histórico cuja construção estima-se que demorou 30 milhões de horas para ser erguida por construtores neolíticos, é composto de grandes pedras de pé. Localizada no sul da Inglaterra, a região é um patrimônio mundial da UNESCO. Alguns cientistas acreditam que geleiras, e não humanos, fizeram a maior parte do trabalho de levantar as pedras durante uma das Eras do Gelo, mas o propósito do monumento ainda é um mistério.



  • O colapso do fim da Era do Bronze




Por volta de 1200 aC, todo o leste do Mediterrâneo, a Anatólia e a região do Egeu entraram em colapso de maneira súbita e violenta. Quase toda as cidades foram destruídas e o colapso cultural dos reinos trouxe a Idade das Trevas. Historiadores acreditam que invasões, queda no comércio internacional ou causas naturais como terremotos e/ou secas foram os responsáveis pelo fenômeno incomum.



  • Jack, o Estripador




Em 1888, entre agosto e novembro, pelo menos cinco prostitutas foram mutiladas e assassinadas em Londres, Inglaterra. Os "assassinatos de Whitechapel", como os crimes vieram a ser chamados, levaram ao nascimento do mistério de Jack, o Estripador. O nome origina-se de uma carta anônima enviada a uma agência de notícias de Londres na qual havia uma confissão dos crimes, assinada por Jack. Posteriormente descobriu-se que a carta era falsa. Quase 13 décadas desde os crimes, especulações em torno da identidade do assassino ainda não pararam de surgir e ninguém sabe quem cometeu os crimes até hoje.



  • William Shakespeare



A "questão de autoria" do bardo britânico - que escreveu peças renomadas como "O Mercador de Veneza", "Júlio César" e "Sonho de uma Noite de Verão", continua a assombrar estudiosos que tentam entender como o filho de um luveiro que morava no interior entrou para o mundo literário. Teorias populares sugerem que ele era um ghostwriter, ou, na verdade, Francis Bacon, um ensaísta; Edward de Vere, 17º Conde de Oxford ou até mesmo Christopher Marlowe, outro autor de peças da mesma época.



  • Sudário de Turim



O Sudário de Turim - uma peça de linho que mostra a imagem de um homem - seria, supostamente, o lençol que envolveu Jesus de Nazaré em seu túmulo. O artefato fica na Catedral de São João Batista em Turin, na Itália.

Ao longo dos anos, muitos cientistas estudaram o tecido, submetendo a peça a uma série de testes, incluindo de DNA. Um desses estudos, publicado em julho de 2018, alega que as marcas de sangue não são realistas e, portanto, o tecido seria falso. Mesmo assim, o pedaço de linho continua sendo um ícone religioso.




  • Máquina de Anticítera




Um dispositivo que lembra um computador ancião, que acredita-se ter sido feito por cientistas gregos em algum momento entre 150 e 100 aC, foi encontrado nos destroços de um navio de 2000 mil anos atrás na costa da ilha grega de Anticítera.

Em 1959, Derek J. de Solla Price, cientista historiador da Universidade de Princeton, Nova Jersey, EUA, descobriu que o dispositivo pode ser usado para prever posições astronômicas e até mesmo eclipses. A parte misteriosa disso tudo é que a tecnologia para produzir tais objetos não foi idealizada até o século 14, quando relógios mecânicos começaram a ser fabricados na Europa. Price escreveu: "Nada comparável a esse objeto é conhecido ou citado em qualquer texto científico ou alusão literária".



  • Área 51



A Área 51 é uma instalação remota da Força Aérea em Nevada. De acordo com teorias da conspiração, acredita-se que o local é um armazém de um veículo alienígena que caiu na Terra. Também há rumores de laboratórios militares de pesquisa de tecnologia alienígena.

No entanto, em 2015, um ex-administrador da NASA, Charles Bolden, disse: "Nunca vi alienígenas ou espaçonaves alienígenas ou nada do tipo quando estive lá [na Área 51]. Acho que pelo sigilo das pesquisas aeronáuticas que acontecem ali, é comum as pessoas falarem que há alienígenas lá".



  • Amelia Earhart




A primeira mulher americana a voar sozinha pelo Oceano Atlântico, Earhart estabeleceu vários recordes ao longo de sua vida. Ela também publicou livros sobre suas experiências voando.

Em 1937, no meio de uma tentativa de voar ao redor do mundo, seu avião sumiu misteriosamente sobre o Oceano Pacífico. Acredita-se que Earhart e seu navegador, Fred Noonan, voaram em céu nublado e por pancadas de chuva que resultaram em sua queda. Desde então, há várias teorias que tentam explicar seu desaparecimento e revelar seu paradeiro, mas nenhuma foi universalmente aceita.

Em março de 2018, o professor Richard Jantz, da Universidade do Tennessee, publicou um artigo que diz que ossos encontrados em uma ilha do Oceano Pacífico em 1940 poderiam ser de Earhart. Ele escreveu: "Até evidências definitivas de que esses não são os restos de Amelia Earhart, o argumento mais convincente é de que são dela".



  • Rei Arthur



Existiu mesmo um Rei Arthur e ele realmente recebeu a Excalibur para unir e reinar sobre o povo britânico? Vários exemplares de romances literários falam sobre a lenda arturiana, os Cavaleiros da Távola Redonda e o misterioso mago a seu lado, Merlim.



  • Epidemia de dança



Em julho de 1518, uma mulher em Strasbourg (na época parte do Império Sagrado Romano) começou a dançar subitamente em uma rua da cidade. Outros juntaram-se a ela, dançando incontrolavelmente. Dentro de um mês, 400 pessoas estavam dançando na cidade e elas não pararam; muitos morreram de exaustão. Muitas razões foram atribuídas ao fenômeno chamado de Epidemia de dança de 1518, como histeria coletiva ou um ato para agradar entidades divinas, mas nenhuma das teorias é conclusiva.



  • Monstro do Lago Ness



Segundo as lendas, o monstro do Lago Ness é uma criatura aquática mítica encontrada na Escócia. Alguns sugerem que trata-se de um animal grande que representa uma linha de dinossauros. Uma imagem de 1934, a qual acredita-se ser a primeira evidência fotográfica da criatura, foi dada como falsa em 1994. Em 2008, o falecido pesquisador Robert Rines sugeriu que "Nessie" poderia ter entrado em extinção devido ao aquecimento global. Em tempos recentes, cientistas debatem usar técnicas de DNA ambiental para tentar estabelecer a existência do Monstro do Lago Ness.

Sexualidade: Assunto historicamente atual

Imagem: Franco Maestri, artista visual de Florianópolis




Prazer; Desejo; Instinto. São muitas as definições para manter acesa a luz sobre o debate que cerca a Sexualidade Humana. A concepção psicanalítica da sexualidade é moldada pela discussão entre o normal e o patológico, justamente por transcender da categoria de instinto sexual.

Em seu estudo autobiográfico Sigmund Freud (1935) declara que poucos dos achados da psicanálise tiveram tanta contestação universal ou despertaram tamanha explosão de indignação como a afirmativa de que a função sexual se inicia no começo da vida e revela sua presença por importantes indícios mesmo na infância.

Em psicanálise a sexualidade está divorciada da sua ligação estreita com os órgãos genitais. Ela vai muito mais além do que movimentos corpóreos e inicia muito antes das relações sexuais iniciarem: tendo o prazer como a sua meta e só secundariamente vindo a servir às finalidades de reprodução.

Freud foi o primeiro a tocar a linha da Sexualidade Infantil, e publicar seriamente sobre ela: ainda neste mesmo estudo declara que quando modificou a teoria do trauma infantil sendo levado a reconhecer que as cenas de sedução jamais tinham ocorrido e que eram apenas fantasias que os pacientes haviam inventado e que os sintomas neuróticos não estavam diretamente relacionados com fatos reais, mas com fantasias impregnadas de desejos; ele abriu o caminho para o entendimento da sexualidade infantil.

Em Freud, a função sexual encontra-se em existência desde o próprio início da vida do indivíduo, embora no começo esteja ligada a outras funções vitais e não se torne independente delas senão depois; ela tem de passar por um longo e complicado processo de desenvolvimento antes de tornar-se aquilo com que estamos familiarizados como sendo a vida sexual normal do adulto.

De início a função sexual é não centralizada e predominantemente auto-erótica. A sexualidade começa por manifestar-se na atividade de todo um grande número de pulsões componentes; estas estão na dependência de zonas erógenas do corpo; atuam independentemente umas das outras numa busca de prazer e encontram seu objetivo, na maior parte, no corpo do próprio indivíduo.

A antropóloga Regina Navarro Lins escreve sobre o tema há mais de duas décadas: amor é uma coisa, sexo é outra. Em sua obra mais recente, O livro do amor, declara guerra ao idealismo: “As pessoas precisam parar de acreditar em fidelidade e amor romântico. Dentro de 30 anos, o sexo será mais livre. A bissexualidade é uma tendência”, diz ela em pesquisas apresentadas em seus últimos trabalhos publicados.
[…] Falando sério, não é fácil delimitar aquilo que abrange o conceito
de „sexual?. Talvez a única definição acertada fosse „tudo o que se
relaciona com a distinção entre os dois sexos?. […] Se tomarem o fato
do ato sexual como ponto central, talvez definissem como sexual tudo
aquilo que, com vistas a obter prazer, diz respeito ao corpo e, em
especial, aos órgãos sexuais de uma pessoa do sexo oposto, e que, em
última instância, visa à união dos genitais e à realização do ato sexual.
[…] Se, por outro lado, tomarem a função de reprodução como núcleo
da sexualidade, correm o risco de excluir toda uma série de coisas que
não visam à reprodução, mas certamente são sexuais, como a
masturbação, e até mesmo o beijo (FREUD, 2006, p. 309).

Em psicanálise o conceito do que é sexual abrange bem mais do que seu sentido popular. É reconhecido como pertencente à vida sexual todas as atividades dos sentimentos ternos que têm os impulsos sexuais primitivos como fonte, mesmo quando esses impulsos se tornam inibidos com relação a seu fim sexual original, ou tiveram de trocar esse fim por outro que não é mais sexual. (Freud, 1910)

Loureiro (2005) diz que a psicanálise efetua uma verdadeira ruptura naquilo mesmo que até então se considerava sexualidade. Ao contrário dos discursos normativos da sexologia e da criminologia, que priorizavam a explicação com base em teorias da hereditariedade e da degenerescência, a concepção psicanalítica da sexualidade embaralha as fronteiras entre o normal e o patológico, bem como prescinde da categoria de instinto sexual (impulso pré-formado, comum à espécie como um todo, dotado de objeto e finalidade fixos), Freud usa o termo Trieb (impulso ou pulsão). A pulsao não implica nem comportamento pré-formado, nem objeto específico. O conceito de pulsão demonstra as múltiplas, contingentes e mutantes feições que pode assumir a sexualidade humana.

[ … ] Quem já viu uma criança saciada recuar do peito e cair no sono, com as faces coradas e um sorriso beatifico, há de dizer a si mesmo que essa imagem persiste também como norma da expressão da satisfação sexual em épocas posteriores da vida […] (FREUD, 2006, p. 171).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EGYPTO, Antônio Carlos. Orientação Sexual na Escola: um projeto apaixonante: o projeto de orientação na escola. (org). Clara Regina Rappaport. São Paulo. EPU, 1981. 144 p.

FIORI, Wagner da Rocha. Teorias do Desenvolvimento: Conceitos fundamentais: modelo psicanalítico. São Paulo. Cortez, 2003. 92 p.

FREUD, Sigmund. Um caso de histeria, Três ensaios sobre sexualidade e outros

Trabalhos. 1901-1905. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de

Sigmund Freud Volume VII. Imago Editora. 2006. Rio de Janeiro.

WEREBE, M. J. G. Sexualidade, Políticas e Educação. Autores e associados. São Paulo, 1998. 217 p.




Troque o tablet do seu filho por um instrumento musical

A tecnologia foi encontrada pelos pais como uma forma de manter os filhos quietos, mas se o seu interesse é estimular a inteligência do seu filho tire-lhes o tablet e ofereça-lhe um instrumento musical.







Nos dias de hoje facilmente encontramos em restaurantes, consultórios e outros locais públicos, crianças agarradas aos tablets ou smartphones. Os pais ficam descansados pois os filhos estão quietos e não incomodam.

Apesar da tecnologia ser o futuro, de ser importante que as crianças aprendam a explorá-la, para o seu desenvolvimento intelectual não é o mais indicado.

Segundo estudos recentes, dar tablets ou smartphones às crianças não é a melhor forma de estimular o cérebro destas. Álvaro Bilbao, neuropsicólogo espanhol, autor do livro EL cérebro del ninõ explicados a los padres (O cérebro da criança explicado aos pais), explica que se quer estimular a inteligência dos seus filhos tire-lhe a tecnologia e ofereça-lhe um instrumento musical.


As aulas de música estimulam a capacidade de raciocínio das crianças, mais do que a tecnologia.

A genética tem um peso fundamental no desenvolvimento intelectual da criança, cerca de 50%, mas os restantes 50% dependem de outros estímulos que recebem. As aulas de música, por exemplo, estimulam a capacidade de raciocínio das crianças, mais do que a tecnologia.

É importante que os pais interajam com os filhos e lhes transmitam valores, que promovam a socialização em detrimento do isolamento, que incentivem os seus filhos a praticar desporto e a experimentar diversas atividades.

Um estudo publicado na revista Psychological Science, feito pela Universidade de Toronto, no Canadá, encontrou relação entre o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem de música.

Três grupos de crianças com 6 anos, estudaram durante um ano, separadamente, canto, piano e expressão dramática. Daí ficou concluído que, as crianças que estudaram música, desenvolveram padrões de inteligência superiores aos outros.

Há alguns anos, especialistas afirmaram que colocar bebés com menos de 2 anos a ver filmes de desenhos animados relacionados com música clássica era importante para estimular a inteligência das crianças.

Essa teoria foi desmentida por vários estudos internacionais. A Associação Americana de Pediatria alega mesmo que as crianças com menos de 2 anos não devem ver televisão.

Contudo, crianças com mais idade, que veem filmes numa língua estrangeira, conseguem mais facilmente adaptar-se a outros vocabulários e sons. Por exemplo, as crianças portuguesas conseguem compreender e falar algumas palavras em inglês com maior facilidade que as crianças espanholas porque estas veem tudo dobrado.

Outra forma de estimular o desenvolvimento cognitivo das crianças é ler a duas vozes a história da hora de ir para a cama. Um estudo feito no Canadá garante que este método melhora a capacidade de aprendizagem dos mais novos.

Se quer exercitar o cérebro do seu filho incentive-o a sair de casa, a conviver com outras pessoas e a aprender a tocar um instrumento.



Ameaça comunista





Há 170 anos, nessa época do ano (a data oficial foi 21 de fevereiro de 1848), foi publicado pela primeira vez um tratado científico sobre o capitalismo industrial em desenvolvimento, um panfleto de agitação de toda uma classe contra a exploração, um resumo sobre tópicos fundamentais da história da humanidade, uma tese para um congresso a Reunião da Liga dos Justos que nunca mais se chamaria assim.


A humanidade jamais seria a mesma depois de ter contato como “Manifesto Comunista” de Karl Marx e Friederich Engels.


São apenas 67 páginas em um livro de bolso na edição da Expressão Popular, vendida por 3 ou 4 reais. Existem milhares de edições, uma das obras mais traduzidas da história da humanidade. Esse livreto desvendou e sistematizou o conhecimento sobre Economia Política, História, Matemática, Política, Geografia, Psicologia da Ciência. Ninguém devia terminar sua vida sem ler este livro. Ninguém devia começar sua vida sem essa leitura.

Os comunistas são tratados pela classe dominante como uma das maiores ameaças para a humanidade. Bom, só se for para a existência humana deles, porque de fato o objetivo dos comunistas é acabar com a exploração e portanto com os exploradores como tal.

Nesse livro, Marx e Engels mudam o foco da luta de uma questão moral (justos x injustos) para a base material da existência. Não é moral e por isso mesmo o capitalismo é avaliado na sua objetividade, não como bom, nem como mal.

Nas próprias palavras dos autores: “A grande indústria criou o mercado mundial, preparado pela descoberta da América. O mercado promoveu um desenvolvimento incomensurável do comércio, da navegação e das comunicações. Esse desenvolvimento, por sua vez, voltou a impulsionar a expansão da indústria. (…) a burguesia moderna é, ela mesma, produto de um longo processo, moldado por uma série de transformações nas formas de produção e circulação.” (p. 11) e “a burguesia desempenhou na história um papel altamente revolucionário”(p.12).

Marx e Engels abordam os maiores dilemas sociais de sua época histórica e a maioria deles continua absolutamente atual. Propõe de maneira inequívoca que os proletários devem lutar para abolir a propriedade privada e vaticinam: “Vocês se horrorizam com o fato de que queremos abolir a propriedade privada. No entanto, a propriedade privada foi abolida para nove décimos dos integrantes da sua sociedade; ela existe para vocês exatamente porque para nove décimos ela não existe.”(p. 34).

Não é um texto polido e acadêmico, nem por isso deixa de ser científico e preciso. Mas, principalmente, é um texto político, um Manifesto. Explica questões a respeito do comunismo que até hoje muitos não querem entender, como “O comunismo não retira de ninguém o poder de apropriar-se de produtos sociais; apenas suprime o poder de, através dessa apropriação, subjugar o trabalho alheio” (p.35).

O autores abordam ainda questões como a moral, o papel da família, o papel da mulher. Impressiona, lendo 170 anos depois, que as acusações falaciosas contra os comunistas sejam as mesmas até hoje. Outras são verdadeiras acusações as quais assumimos “vocês nos acusam de desejar abolir a exploração das crianças pelos pais? Nós confessamos esse crime.” (p. 37)

Falam de educação, do papel social atribuído às mulheres e da necessidade de mudá-lo, da questão da pátria.

Debatem a construção da consciência como algo objetivo, determinado pelas condições objetivas de vida e afirmam: “será necessária inteligência tão profunda para entender que com a mudança das condições da vida das pessoas, das suas relações sociais, de sua existência social, também se modificam suas representações, concepções e conceitos, em suma, também sua consciência?” (p. 40).

Explicam que o “primeiro passo da revolução dos trabalhadores é a ascensão do proletariado à situação de classe dominante, ou seja, a conquista da democracia.” (p. 42, grifos meus). Isso para o entendimento de que a verdadeira democracia é o domínio da maioria (o proletariado) sobre a minoria (a burguesia).

E explicitam um programa da revolução, que não será exatamente o mesmo em todos os lugares ou tempos históricos, mas devem ser as medidas capazes de “aumentar a massa das forças produtivas o mais rapidamente possível” (p. 42) sob o controle do proletariado organizado como classe dominante de modo a revolucionar todo o modo de produção.


O ponto 10 desse programa é:


“10. Educação pública e gratuita para todas as crianças. Supressão do trabalho fabril de crianças, tal como praticado hoje. Integração da educação com a produção material etc.” (p. 44). Na maior parte do planeta ainda estamos tão longe de alcançar algo que parece simplesmente humano, mas que é totalmente revolucionário. Mas é óbvio, ainda nos falta a revolução que pode dar base para esse processo. A não ser onde ela ocorreu, como em Cuba ou no Laos.

Nesse texto explicitam que o maior objetivo dessa revolução é exterminar o antagonismo entre classes e, por consequência, das classes em si. Então, quando afirmam que a luta de classes é o motor da história, não o fazem por desejo ideal, mas por constatação histórica. O desejo é exatamente seu oposto, isto é, afirmam como essencial atuar na luta de classes para que não seja mais necessário haver luta de classes, para que não existam mais classes. Aparentemente contraditório, esse é o raciocínio dialético por excelência.

Engels e Marx abordam as várias correntes de pensamento socialista como base a seu pensamento, mas explicitando a necessidade de superação de sua confusão de classes e de seu idealismo. Demonstram pela sua própria abordagem como referenciais teóricos são fundamentais para uma prática revolucionária.

Já a crítica ao idealismo do movimento dos trabalhadores parece tão atual quanto no dia que foi escrita. A quantidade de manifestos, teses e “análises” que falam da necessidade do sonho e da utopia para a construção e organização da classe demonstra a dificuldade de superação desse idealismo até os dias de hoje.

Certa vez já nos anos 2000, convidado para falar em uma mesa do Fórum Social Mundial cujo tema era o quixotismo no movimento social, depois de ouvir românticos discursos em defesa da utopia como motor da luta, o comunista José Saramago afirmou: “O que move a luta não é a utopia, o que move a luta é a NECESSIDADE”, ele certamente estava apenas repetindo o que aprendeu com Marx e Engels.

Tratando da relação entre os comunistas e as demais organizações proletárias, afirmam de maneira simples e direta: “Os comunistas lutam pelos objetivos e interesses mais imediatos da classe operária, mas, ao mesmo tempo, representam no movimento atual o futuro do movimento. Na França eles se aliam ao partido democrata-socialista contra a burguesia conservadora e radical sem, no entanto, abdicar do direito de se posicionar criticamente frente a palavrórios e ilusões legados pela tradição revolucionária” (p. 62) e dão exemplos dessa forma de atuação na Suíça, Polônia e Alemanha e resumem “os comunistas apoiam em toda parte todo movimento revolucionário contra as condições sociais e políticas atuais (…) e trabalham por toda a parte pela união e o entendimento entre os partidos democráticos em todos os países” (p. 63).

Essa obra precisa estar nas mãos de todas as pessoas que defendem e lutam por mudanças econômicas e sociais profundas. Deve ser distribuída, lida, estudada e debatida como ponto de partida para uma nova consciência, a que rompe com a sociedade que tem a exploração como sua base.

Deve ser um meio para o trabalho contra o preconceito que a burguesia plantou em toda a sociedade contra os comunistas, vistos como ameaça. A ampla maioria de conquistas das maiorias ao longo do capitalismo tem nos comunistas seus promotores ou aliados. Direitos trabalhistas, sociais, políticos e direitos humanos, tais como jornada de trabalho reduzida, férias, redução do trabalho infantil, diminuição da violência e exploração das mulheres, avanços democráticos, tudo isso e muito mais é consequências dos referenciais e atuação de comunistas em todo o mundo.

A burguesia realmente tem motivos para ver os comunistas como ameaça, já que todas as outras classes e segmentos sociais sempre terão entre nós comunistas seus principais aliados: Os que querem a mudança que significará a verdadeira liberdade para todas as pessoas e a defesa do nosso planeta como nossa casa e lugar da vida.

Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos na revolução!!


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Elenira Vilela é professora e sindicalista.



O Brasil precisa descobrir Torquato Neto

O poeta e jornalista Torquato Neto. 


Por Xico Sá, no El País


Eu, brasileiro, confesso, minha culpa meu pecado, meu sonho desesperado… Não bati panelas, que seja dito, porém pouco fiz para evitar a desgraceira, engoli, engolimos, goela abaixo, no máximo fui bolchevique de redes sociais, é pouco, muito pouco, pouco mesmo, piada, que fraqueza, meu rapaz.
A barra está pesada e a geleia geral brasileira, bicho, virou uma gororoba intragável de botar os bofes pra fora, como se diz no melhor português das nossas plagas. Tudo anda meio sem graça, os milicos voltaram a dar as caras com moral padrão meia-oito. Pense num fetiche da farda como salvação da ordem e do progresso, pense. Nunca fomos tão bocós e cívicos cornos conformados da brasilidade. Em bom nordestinês, estamos mais lascados do que maxixe em cruz. Uma gracilianíssima angústia a moer os ossos. De abrir o gás.

E sabe aquele seu melhor amigo de infância, lá da sua rua em Teresina, o Wellington? Rapaz, não te conto. Está por trás dessa ressaca toda. É um dos homens da tramoia que levou o Vampirão às cabeças. Sabia que você, amante dos filmes “B” de terror, iria curtir essa parada. A gente ri de nervoso, compreende?, isso alivia pra caramba. Ave. Calma que o drama nem começou deveras. Abrem-se as cortinas.

Wellington Moreira Franco. Ele mesmo. O que são os destinos na mão da mesma cigana. Você partiu para a Bahia, tropicalista sina, o gato angorá -apelido dado pelo Brizola- seguiu os rastros da bufunfa da política. Sejamos grato ao angorá pelo menos em uma coisa: o desalmado falou com carinho sobre você no filme. Memória delicada. Vade retro. Corta. Você e esse miserável na mesma rua e no mesmo gibi dos primeiros passos.

Ah, que filme fodidamente lindo os meninos fizeram sobre sua trajetória. Chorei. Que pancada. Seu filho Thiago Nunes… Psiu! Não vamos acordá-lo às três da madrugada. Choro e alento, juro que me aluí do canto. No conjunto da obra, o filme também me animou para a existência, vide quão paradoxal a essa altura. Não, não falarei sobre o falso anti-Édipo em relação à mamãe coragem, só indo ao cinema. Dona Maria Salomé estava certa: o tropicalismo que se danasse, ela queria o filho no prumo da venta. Só lhe restou pegar uns panos para lavar, ler um romance, vê as contas do mercado, como aconselhara o filho. Mamãe, mamãe não chore.

Eu, brasileiro, nesse perigo da hora, recomendo, não deixe de se ver neste filmaço: Torquato Neto — Todas as horas do fim, de Eduardo Ades e Marcus Fernando. Estreia nos cinemas na próxima quinta-feira, dia 8. Tanta violência, mas tanta ternura. Recitaria o poeta Mário Faustino (1930-1962), igualmente genial e piauiense, na sua balada eterna para um vate suicida.

Deu saudade de Teresina. De beber e conversar com Albert Piauí e Kenard Kruel. De comer “Maria Isabel”, marca da culinária da terra, um dos pratos que justificam a descoberta do fogo pelos primeiros homens da América – piauienses, óbvio, lá da serra da Capivara, se é que o leitor esclarecido me entende. Deu água na boca em pensar no capote com cuscuz que comi da vez derradeira.

Que filme, rapazes. O ator Jesuíta Barbosa, que “dubla” em off o poeta, é para arrombar a tabaca de Chola, como se diz na hipérbole pernambucana – jovens, ao Google. Bonito demais. Deu drama e dignidade a tudo na prosódia. Ler Torquato doravante é ter essa voz como eco no sótão do inconsciente.

Prestem atenção na fala de Tom Zé e no entendimento de Gilberto Gil, parceiros que compreendem, de cara, a agonia criativa de Torquato. Por favor, se liguem como as imagens do Cinema Novo de Glauber etc e do Cinema Terrir/Udigrudi de Ivan Cardoso & companhia encobrem e descobrem a inadaptação, a estranheza do Torquato-Nosferatu-do-Brasil diante do sol do tropicalismo. Era muita “alegria, alegria” para um estrangeiro do Piauí, minha gente.

O filme é tão rico que esta pobre crônica-resenha não passa de um bilhete de boas intenções aos náufragos. Torquato parece ter, tinha, a consciência da vida como permanente tic-tac das horas finais . Tanta coisa a essa altura. Três da madrugada em São Paulo, quase nada, a cidade abandonada, Irene dorme, Larissa idem, os dois corações são meus atabaques babilônicos, minhas sístoles e diástoles. Tudo e nada, a mão fria toca bem de leve em mim.

Bem que o escritor Marcelino Freire elegeu como homenageado da Balada Literária do ano passado esse gênio-mor estranhamente ainda desconhecido para muitos brasileiros. Torquato Neto ou nada. Torquato Neto ou morte.

Tanta violência, mas tanta ternura. Só vendo o filme outra vez e sempre. Beijos.


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Xico Sá, escritor e jornalista, é autor de Big Jato (editora Companhia das Letras), entre outros livros.



Tortura no RS: o que a sociedade precisa saber

2018 começou para os povos indígenas da mesma forma que terminou 2017: com a negação do direito ao seu território tradicional e, em consequência disso, a truculência e a violência para com aqueles e aquelas que saem em busca de um pedaço de chão para viver e dar a vida.


Local onde os indígenas ocuparam. Seus pertences não puderam ser todos recolhidos (Foto: Ivan César Cima)


Por Julia Saggioratto, para Desacato.info.


Em Passo Fundo/RS às margens da BR 285, próximo ao trevo que dá acesso ao município de Marau/RS, um grupo de cerca de 80 indígenas da etnia Kaingang ocupou o espaço pertencente ao DNIT no dia 15 de fevereiro para chamar a atenção e pressionar o poder público para que agilize a demarcação de suas terras.

De acordo com Daniel Carvalho, cacique da comunidade Kaingang Campo do Meio, a comunidade não aguenta mais esperar pelo Estado para demarcar seu território. Com a consolidação do golpe, os direitos dos povos originários foram sendo colocados no jogo da negociação como moeda de troca para aprovação das vontades da elite internacional. Com o parecer 001/2017 da AGU, o Marco Temporal, as demarcações paralisaram, levando inúmeras comunidades indígenas ao extremo desamparo, consolidando o tratamento de extermínio que recebem desde 1500.

Cacique Daniel Carvalho, da comunidade Kaingang Campo do Meio (Foto: Julia Saggioratto)


E falando em extermínio, esse foi o tom da resposta que os Kaingang tiveram ao ocupar o espaço em Passo Fundo/RS. Cerca de 30 policiais da Brigada Militar e do BOE de cercaram os indígenas sem a possibilidade de diálogo, os expulsando do local com balas de borracha, gás lacrimogêneo e cassetetes. Mulheres foram espancadas, crianças vomitaram devido à intoxicação pelo gás, um idoso levou mais de 20 tiros de balas de borracha e um rapaz, ao defender sua esposa grávida, levou um tiro de bala letal. O cacique Daniel ainda ressalta que, quando levavam alguns indígenas com ferimentos para o hospital em Passo Fundo, a polícia os abordou, lhes ameaçando e humilhando com frases racistas, além de pedir que se abraçassem e cantassem.









Segundo o indígena da etnia Kaingang Abrão Carvalho, durante o ataque os indígenas eram ameaçados de morte e as mulheres ainda foram ameaçadas de serem estupradas. Dinheiro e documentos dos indígenas foram retidos pela polícia, alguns de seus pertences foram queimados no local.

O indígena Abrão Carvalho conta que foram ameaçados de morte e seus pertences foram retidos pela polícia (Foto: Julia Saggioratto)


Diante da repercussão do fato o coronel Jair Euclésio Ely, comandante regional da BM, disse em entrevista ao Jornal do Comércio, de Porto Alegre, que o grupo não era de indígenas pois não é reconhecido pela Funai. De acordo com Ivan César Cima, do Conselho Indigenista Missionário regional sul, a convenção 169 da OIT “assegura aos povos indígenas a autodeterminação. Isso significa dizer que ser Kaingang ou Guarani não depende do consentimento ou da aceitação de terceiros. Se um grupo de pessoas por meio de seus costumes e tradições se reconhece como kaingang não cabe a um brigadiano, à Funai ou outro terceiro reconhecê-los como tal, como Kaingang”, destaca Ivan.


No artigo Artigo 1o da Convenção 169: 2. A consciência de sua identidade indígena ou tribal deverá ser considerada como critério fundamental para determinar os grupos aos que se aplicam as disposições da presente Convenção.


Ainda na matéria o coronel Euclésio comenta que “a área em questão serve para captação de água pela Corsan”, e que o mais importante da ação foi que conseguiram preservar o abastecimento de água “às 200 mil pessoas da região de Passo Fundo”, o que, possivelmente, não inclui a comunidade indígena. Pois bem, é fato que o grande objetivo das elites nacionais e internacionais, ao retirar os povos indígenas de seu território, é aniquilar seu modo de vida em harmonia com a Terra Mãe, já que não gera lucro algum ao capital. Os expulsando de seu território têm a área livre para a exploração dos recursos naturais.





É o fascismo colonial, muito bem representado pelos Estados Unidos, abrindo suas garras sobre o que restou dos territórios para satisfazer sua sede incessável de lucro. E junto à onda de destruição vem a violência, a tortura, a ameaça, o medo. Será que a melhor opção para preservar fontes de água é expulsando os indígenas do local? Estes que possuem uma relação de respeito com a natureza já desde muito antes de 1500? Outra questão importante diz respeito ao direito originário desses povos ao território. No artigo 231 da Constituição Federal está claro:


§ 3º – O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.


Os indígenas precisam ser consultados sobre o futuro da área em questão, já que originalmente lhes pertence. Os direitos dos indígenas, por serem originários, são muito mais antigos do que qualquer direito que possa ter sido adquirido posteriormente.

Outro comentário da Brigada Militar na matéria diz respeito à denúncia de abuso de autoridade. Segundo a corporação os indígenas fizeram resistência para sair do local sendo, então, retirados com “uso moderado de força”. De acordo com o Kaingang Adão da Silva Kairu, morador da comunidade Campo do Meio, o grupo pediu alguns minutos para que retirassem suas coisas do local, mas a Brigada negou o pedido, agredindo a comunidade com extrema violência logo em seguida. E o uso moderado da força é, no mínimo, questionável.


De acordo com Adão da Silva Kairu os indígenas pediram um tempo para recolherem seus pertences mas a Brigada Militar negou o pedido (Foto: Julia Saggioratto)

O comandante da Brigada ainda comentou em seu depoimento que o “líder da invasão” foi preso. O líder mencionado pelo comandante é o senhor Querino Carvalho, de 78 anos, que levou mais de 20 tiros e foi levado para a delegacia. O ancião “Seu Querino”, como é conhecido pela comunidade, teve seu ombro deslocado ao ser torcido para obter suas impressões digitais.


O ancião Querino Carvalho levou mais de 20 tiros de bala de borracha (Foto: Julia Saggioratto)




Ainda segundo o comandante foram apreendidas arma de fogo, foices, facões, enxadas e machados pequenos. De acordo com o indígena Mateus Carvalho, os indígenas possuem instrumentos como arco e flecha e lanças, utilizados em momentos de dança e apresentações, característicos da cultura Kaingang. O último comentário que destacamos é de que o uso de bala letal foi descartado pela Brigada Militar, porém, um dos moradores da comunidade precisou fazer pontos em um ferimento profundo de bala na coxa. A série de violência sofrida pela comunidade parece infinita.


Foto do ferimento tirada no dia do ataque (Foto: Daniel Carvalho)
Pontos feitos no ferimento (Foto: Julia Saggioratto)


O Portal Desacato segue atento aos ataques aos direitos e à vida dos povos indígenas de toda a Nossa América.




QUANDO O MOVIMENTO NEGRO PREFERIA A LUTA POLÍTICA À LACRAÇÃO NA WEB




A EDIÇÃO DA Folha de S.Paulo de 21 de dezembro de 1985 dava destaque para as tentativas de combate à inflação, para briga entre o então ministro das Comunicações Antônio Carlos Magalhães e o então governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola – ACM mandara a TV pública passar um compacto de Atlético x Cruzeiro no lugar de uma entrevista de Brizola – e para temas tão díspares quanto a lista de filmes pornôs liberados pela censura, uma fofoca sobre um craque do futebol e o veto à caça baleeira.

Escondida na página 21, ao lado de um quiproquó sobre um juiz que proibiu a minissaia no seu tribunal, estava a sanção de uma das leis mais importantes da história do Brasil: a Lei 7.437, que incluía, entre as contravenções penais, a discriminação por sexo, raça, cor ou estado civil, dando nova redação à lei Afonso Arinos. Era de autoria do deputado paranaense Valmor Giavarina, branco, odontólogo, radialista, filiado ao PMDB. Sancionada por Sarney, a lei estabelecia a pena de prisão para diversos atos discriminatórios. Mas foi apenas três anos depois que a gravidade das agressões foi reconhecida de verdade.

Foi a redação da nova Constituição – inciso XLII do artigo 5.º – que determinou: “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”. A frase que mudou para sempre a história da luta dos direitos civis no Brasil é de autoria de Carlos Alberto Caó de Oliveira. Caó, negro, morreu um mês atrás, no dia 4 de fevereiro, aos 76 anos, no Rio de Janeiro. Seu obituário teve cinco parágrafos no jornal O Globo, dois no portal G1, foi ignorado pela Folha e pelo Estadão, e não mereceu atenção dos jornais televisivos noturnos da Globo, da Record ou da Band. Menos espaço do que a suposta apropriação cultural de Anitta ou a treta do turbante.

Na época da redação da Constituição, Carlos Alberto Caó de Oliveira era um deputado licenciado: estava no governo de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, exercendo o cargo de Secretário do Trabalho e Habitação. Um dos maiores expoentes do movimento negro do Brasil, ele tinha a missão de regularizar lotes de áreas ocupadas através do programa “Cada Família, Um Lote”.

Caó não era exatamente um especialista em habitação. Tinha formação em Direito e história como líder estudantil – visitou Moscou pela UNE em 1962. As atividades “subversivas” lhe renderam condenação e prisão em 1970, quando passou seis meses na cadeia.

Livre, exerceu o jornalismo – foi repórter, subeditor e editor de economia pelo Jornal do Brasil, e também assessor de imprensa. Filiado ao PDT desde o seu início, ficou como segundo suplente de deputado federal em 1982. Como Brandão Monteiro foi nomeado secretário de transportes, ele teria o direito de assumir a vaga, mas foi nomeado secretário de habitação – assim, a vaga ficou com ninguém menos que Abdias do Nascimento, outro dos maiores expoentes da cultura negra do Brasil, morto em 2011.


Não perdiam tempo com discursos vazios em busca de aplausos ou aprovação.

Abdias, Caó e, especialmente, Benedita da Silva, ocuparam seus espaços na Assembleia Nacional Constituinte. Tentaram emplacar um embargo econômico à África do Sul, então vitimada pelo apartheid. Depois, ocuparam a subcomissão das minorias. Não perdiam tempo com discursos vazios em busca de aplausos ou aprovação.

Essa ocupação de espaços políticos permitiu uma grande visibilidade para a questão negra no Brasil da época, de protestos contra o Centenário da Abolição até a luta parlamentar diária. O espaço foi aberto para militantes históric0s como Lélia Gonzales, fundadora do Movimento Negro Unificado, o atleta João do Pulo, o historiador e escritor Joel Rufino, entre muitos outros. Enfrentaram enorme pressão: as cotas, por exemplo, já propostas naquela época, foram vetadas no parlamento – só seriam aprovadas nos anos 2000.

Caó morreu, mas ajudou a construir uma história que não se apaga. Que história queremos construir hoje, sobretudo com o amplo acesso à internet?

Parece que o movimento negro dos anos 10 está pouco preocupado com a ocupação dos seus espaços políticos. A prioridade é uma coluna lacradora, que tenha a ver com a treta do dia – acusar o outro de não ser negro o suficiente, de não participar de um escracho, de não ter a mesma solidez moral. A persistência de construir o amanhã sempre perde para o tesão de sentar na cara de alguém hoje. Tribunais são abertos todos os dias, muitas vezes colocando irmão contra irmão.

Dos 30 mil jovens assassinados por ano, 77% são negros, de acordo com a Anistia Internacional. O desemprego e o subemprego dos negros é 5% superior à média nacional, de acordo com dados da PNAD contínua – e as dificuldades de recolocação no mercado são maiores, especialmente entre as mulheres. Negros e pardos ganham, segundo dados de novembro de 2017, 55% do rendimento médio mensal dos brancos no Brasil.

Rigorosamente nenhum desses dados será alterado se discutirmos tweets do Emicida ou as tranças de Anitta. Existe muito trabalho a ser feito. O momento de distração já passou.


AS VIOLÊNCIAS DO BRASIL

Deixo claro, desde já, que não existe só um fator indutor de violência na nossa sociedade e, também, que a existência de um destes fatores alimenta todos os demais. Procurarei listar os possíveis fatores que determinam o alto nível de violência existente hoje no Brasil. Primeiramente, o mau-caratismo dos bandidos é indiscutivelmente causa relevante. No entanto, a incidência dos que têm propensão a ser bandido não deve diferir tanto com o local.


O policial corrupto é mais bandido que o pior dos bandidos, porque dele se esperava o exemplo. Da mesma forma, o juiz que não faz justiça é um usurpador da esperança do povo e fator de desestruturação de toda a organização social. Políticos corruptos, junto com os policiais e juízes corruptos, compõem mais um fator gerador de violência social, dos mais danosos.

A falta de um tempo mínimo na escola para toda a população, quando seriam transferidos valores sociais e humanísticos, bloqueadores da violência, transforma-se em fator facilitador da agressividade.




Autor: Paulo Metri - Fonte: Pravda.ru





A vergonhosa distribuição de renda e riqueza no Brasil é uma causa da violência sempre esquecida na mídia e, por conseguinte, na percepção do povo. Para ser preciso, esta nossa péssima distribuição de renda e riqueza, que é uma das piores do mundo, trata-se, por si só, de uma violência. A diferença abissal entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil é um fio desencapado pronto para originar um curto circuito a qualquer momento, e nunca é lembrada pelos analistas da mídia venal. Aliás, o jeito que esta mídia esconde ou torce as informações para enganar o povo é também um fator indutor de violência.

A precária vida dos mais pobres, que têm fome e não têm atendimento social algum, consiste em uma brutal violência. O nosso Estado nacional, graças à maioria dos políticos que o dominam, não dá prioridade aos mais necessitados. A fome e a falta de atendimento da saúde são, por definição, violências constrangedoras. Além disso, os pobres, por serem propositalmente despolitizados, são sempre tratados com violenta desconsideração. Eles com seus sofrimentos são transformados pela mídia (sempre ela!) em seres invisíveis.

Os catadores dos lixões são o próprio retrato da violência. Estes inaladores de cheiros putrefatos, comedores de alimentos estragados, que se expõem a toda sorte de vírus e bactérias, são seres que se submetem à violência de catar nos rejeitos dos abastados sua subsistência. Assim como os que dormem nas ruas, os catadores passam a ser considerados pela elite como sub-humanos, aos quais não é preciso dedicar solidariedade. Cadáveres já não causam espécie, pois tropeçam neles no caminho para casa quase todos os dias. Hannah Arendt diria que foi banalizado o mal também nas comunidades carentes brasileiras. Aqui, o valor da vida é mínimo, ficando mais fácil praticar atos violentos.

Como um fator de peso, estão os atos da mídia para encobrir falcatruas de poderosos, que são tratadas com inusitada benevolência e sem grande divulgação (mais uma vez, “ela”!). Também, o governo dá isenção de impostos para setores econômicos extremamente rentáveis, que não precisariam de apoio algum, caracterizando uma violenta renuncia de tributos, em possível ato de corrupção. Estes recursos poderiam ser destinados para aplicações de grande impacto social, como saúde e educação.

O Estado brasileiro pouco está nas favelas. Aí, este mesmo Estado brasileiro manda o Exército para elas. O que mesmo o Exército veio fazer nestas comunidades carentes? Ele tenta ser só o agente repressor! Não há nenhuma iniciativa para mudar o curso das demais violências. Falta pouco para o triste fim desta corporação da qual os brasileiros ainda se orgulham. O que os pracinhas brasileiros, que deram a vida para defender o Brasil de eventual jugo nazista e que eram oriundos, na sua maioria, de comunidades carentes, diriam do Exercito, que serviram com tanto garbo, estar agora confundindo pobre com bandido? O Exército foi convocado por “ela”, a causa primeira de todos nossos males, junto com os interessados na manutenção do status quo, para ser o exterminador da dignidade do pobre.



Breve história crítica dos feminismos no Brasil

Excluídas da história oficial, as mulheres fazem do ato de contar a própria trajetória uma forma de resistência. Neste ensaio, publicado na...