Mais um gay é morto. E o Congresso Nacional pode ter sido cúmplice, por Leonardo Sakamoto

Kaique, negro e homossexual, de 16 anos, foi encontrado morto na madrugada de sábado (11). Segundo familiares que reconheceram o corpo, não havia dentes na boca do rapaz e seu corpo apresentava sinais de tortura, hematomas na cabeça e uma barra de ferro cravada na perna. De acordo com matéria de Felipe Souza e Ricardo Senra, na Folha de S. Paulo, desta quinta (16), ele havia sido visto pela última vez em uma balada gay no Centro de São Paulo.
Antes de mais nada, uma curiosidade: sabe como a Polícia Civil do 2º DP registrou o caso segundo a matéria? Suicídio. E a Secretaria de Segurança Pública não vai comentar a tortura porque o laudo da morte seria sigiloso e que há uma investigação em andamento.
Gente… Sério? Registrar como suicídio?
O Estado não aprendeu que não se “suicida” alguém diante de elementos que apontam o contrário? Os casos são diferentes, mas me lembrei da morte de Vladimir Herzog e de tantos outros “suicidas” da ditadura. Depois quando digo que a gente tem uma ferida aberta e mal resolvida que influencia o dia a dia da força policial, o pessoal que é saudoso dos Anos de Chumbo dá chilique. Da última vez que disse isso, muitos gastaram um bom tempo defendendo que eu fosse torturado em uma página de amigos da Rota ao invés de ler um bom livro de história contemporânea brasileira…
Marco Feliciano está deixando a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Viva! Mas me assusta a quantidade de pessoas, teoricamente com acesso à informação, que “discordavam, mas entendiam” as posições do profeta, que dizer, pastor, veiculadas durante 2013. O que preocupa, uma vez que as “abominações” continuam morrendo.
Tenho a certeza de que se Jesus, o personagem histórico, vivesse hoje, defendendo a mesma ideia presentes nas escrituras sagradas do cristianismo, mas atualizando-a para os novos tempos, seria humilhado, xingado, surrado, queimado, alfinetado e explodido. Seria tachado de defensor de bicha, mendigo e sem-terra vagabundo. Olhado como subversivo, acusado de “heterofóbico” e “cristofóbico”. Alcunhado como agressor da família e dos bons costumes.
Você que diz que não é homofóbico.
Acha um absurdo homossexuais serem surrados, mas “entende” quando gays “extrapolam” em suas liberdades, tiram outras pessoas do sério e “exageros” acabam acontecendo.
Defende a igualdade perante a lei, mesmo que vivamos em uma sociedade com pessoas que, historicamente, tiveram mais direitos que outras e, portanto, estão em uma situação privilegiada.
Acredita, acima de tudo, na proteção à família cristã, com pai e mãe, como solução para todos os males do mundo.
Você pode ser dodói e, talvez, nem perceba. Pois o diabo, ele sim, não está na morte de Kaique, mas também nos detalhes que causam dor no cotidiano.
Você fica no fundo da sala de aula tirando barato da colega só porque descobriu que ela é lésbica?
Senta no sofá da sala e concorda com seu pai que alguma coisa precisa ser feita pois o mundo está indo para o buraco e a prova disso é um casal de “bichas” ter se beijado na saída do cinema?
Na hora de contratar alguém no escritório, prefere o hétero inexperiente do que a travesti mais do que adequada para a função?
Fica possesso por um hétero se juntar a um grupo de gays e reclamar das piadinhas estúpidas e sem sentido que você faz?
Vê seu filho brincando de boneca com a amiguinha e, imediatamente, manda ele voltar para casa e nunca mais permite que a veja de novo, pois não quer má influências na formação dele?
Acha uma aberração às leis de Deus duas mulheres ou dois homens se dedicarem à criação de uma criança, mas gasta todo o seu tempo livre com amigos, terceirizando seus filhos para uma babá?
Considera que falar sobre preconceito, igualdade, tolerância e homofobia para as crianças na escola fazem com que elas “aprendam” a ser gays e lésbicas?
Fica lisonjeado quando recebe uma cantada de mulher, mas transtornado quando o gracejo vem de um homem?
Acha que beijar uma pessoa do mesmo sexo, demonstrando afeto, faz de você gay?
Acha tudo isso uma grande besteira?
A família de Kaique, provavelmente, não.
Não sei onde estão os que executaram a ação, mas sugiro que os cúmplices sejam procurados no mais imponente dos prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília, onde, por trás da imunidade parlamentar, se escondem entrincheirados defensores da discriminação, do preconceito e da intolerância. Deputados e senadores que bradam indignados mediante a tentativa de aprovação da lei que criminaliza a homofobia. Supostos representantes dos interesses de Deus na Terra que afirmam lutar pelo direito de expressarem suas crenças. Mas que droga de crença é essa que diz que A é pior que B, gerando ódio sobre o primeiro, só porque A curte alguém do mesmo sexo?
Pode parecer exagero, mas não é. O Ministério Público Federal deveria co-responsabilizar os membros da bancada evangélica em Brasília por conta desses atos bárbaros de homofobia que pipocam aqui e ali. Pois ao travar uma medida que contribuiria com a solução, eles ajudam na manutenção das condições que geram o problema. São parte dele.
Cada homossexual que for espancado e morto deve ser acrescentado na conta desses representantes políticos. Mas como não acredito em acerto de contas no juízo final ou na celeridade da Justiça brasileira, muito menos em uma ação dos eleitores desse pessoal, só me resta ter fé.

Porque recusar a Redução da Maioridade Penal


Porque recusar a Redução da Maioridade Penal

Tramitam na Câmara dos Deputados vários projetos que buscam reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos. De inicio, vale ressaltar que a Constituição Federal, em vigor, no Art. 228 dispõe que são plenamente inimputáveis os menores de 18 anos. Esta determinação constitucional é considerada por muitos juristas como cláusula pétrea, e só pode ser alterada por nova Assembléia Constituinte. Assim, tais projetos são considerados inconstitucionais.

Mas vamos partir da hipótese de ser possível tal Emenda Constitucional: há ou não necessidade de diminuir a maioridade penal?

O primeiro equívoco por trás desse debate é supor que o menor que infringe a lei não é punido. Isso não é verdade. A Constituição Federal de 1988 considera os menores de 18 anos inimputáveis quanto ao Código Penal, mas sujeita eles a legislação especial: o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê seis tipos de medidas sócio-educativas para os adolescentes – da advertência à internação, com privação de liberdade por um período máximo de três anos. Não há no Estatuto um sistema de impunidade. Pode-se dizer que, na realidade, são inimputáveis só os menores de 12 anos, pois entre 12 e 18 anos as punições estão previstas pelo ECA e uma vez que infrinjam a lei estarão sujeitos à medidas sócio-educativas.

Afirma-se que a internação de três anos é pouco e que as penas do ECA são muito brandas. Mas para alguém de 15 anos que fique preso até 18 anos, isto significou um sexto de sua vida. Branda? Se um menor de 12 anos de idade mata seu semelhante, pode ser internado provisoriamente pelo prazo de 45 dias, internação esta que não passa de uma prisão. Sendo semelhante à prisão temporária do adulto, com a ressalva de que esta não pode ser superior a 10 dias.

O menor responde pelo procedimento, com assistência de advogado, indicação de testemunhas, senta no banco dos réus, participa do julgamento – em tudo igual ao maior de 18 anos, mas tendo apenas 12 anos. Não é só: se for condenado, terá que cumprir pena de

internação – que não passa de prisão – em estabelecimento educacional – na verdade presídio de menores – pelo prazo máximo de três anos.

É verdade que ao criar as medidas sócio-educativas, o legislador tentou dar um tratamento diferenciado aos menores, mas foi por ter reconhecido neles a condição peculiar de pessoas em desenvolvimento. É comum em adolescentes que períodos de serenidade sucederem-se a outros de extrema fragilidade emocional e com demonstração freqüente de instabilidade... Sentem-se imortais, fortes, capazes de tudo... As emoções são contraditórias. Deprimem-se com fragilidade, passam de um estado meditativo e infeliz para outro de plena euforia. Somem-se a isso muitas influências negativas do meio familiar e social. Assim, o adolescente deve receber um tratamento legal diferenciado.

Outro equívoco é o de que nossa juventude está cada vez mais violenta. Dos crimes praticados no país só 10% são cometidos por adolescente. Apenas 1,09% dos jovens têm participação nos crimes mais violentos. A despeito de serem os jovens a principal vítima da violência. Destarte, caso fosse adotada, a redução da maioridade penal traria um impacto extremamente reduzido no que se refere à redução da criminalidade.

Os números se elevam apenas nos casos de tráfico de drogas (12,08%) e porte ilegal de armas (14,8%). É um erro, porém, o argumento de que a redução deve acontecer porque os menores são usados pelo crime organizado para acobertar as suas ações.

Em estudo da Organização Internacional do Trabalho concluiu que 15 % dos jovens que trabalham no tráfico têm entre 13 e 14 anos. O que faz supor que não haveria dificuldade em aliciar crianças cada vez menores, a cada redução proposta na maioridade penal. Reduza para 16 anos e os traficantes recrutarão os de 14, reduza para 14 e na manhã seguinte os de 13 estarão aliciados como soldados do tráfico. Assim, rebaixar a idade penal equivale a jogar no mundo do crime crianças cada vez mais jovens.

Das 57 legislações analisadas, apenas 17% adotam a maioridade penal menor do que 18 anos. O movimento dos Países é justamente o contrário: a Alemanha fez retornar a idade penal para 18 anos e criou, inclusive uma sistemática diferenciada para o tratamento de infratores entre 18 e 21 anos. O Japão, ao se surpreender com o súbito aumento da criminalidade entre jovens, ampliou a maioridade penal para 20 anos, por entender que é com educação que se previne à violência.

Diminuir a idade penal implica estar na contra-corrente da maioria dos países desenvolvidos. E mais, significa lançar adolescentes em prisões abarrotadas e dominadas pelo crime organizado. A verdade é que o ECA não foi completamente implantado, porque onde isso aconteceu os índices de reincidência caíram. Suas sanções se tornaram verdadeiros castigos, que revoltam os menores e não recuperam ninguém, a exemplo do que ocorre no sistema penitenciário adotado para adultos. O melhor caminho é colocar em prática o Estatuto reeducando e recolocando os mesmos na sociedade.

Não se pode permitir que o Estatuto, que não cumpre suas políticas sociais básicas; as famílias, que não têm estrutura e abandonam a criança; os pais que descumprem os deveres do pátrio poder; e a sociedade, que não exige do Poder Público a execução de políticas públicas sociais, cubram suas falhas exigindo a redução da maioridade penal.

Baixar a maioridade penal é criminalizar o jovem mais cedo ainda, incluindo-o no cenário que já se conhece: prisões superlotadas e ineficazes em suas propostas. A efetivação desse projeto de lei, além de inconstitucional, não traduz interesse e benéfico para a maioria da população: sua legitimação é uma farsa e seus efeitos irão recair sobre a classe pobre cada vez mais excluída do cenário social.

Patrícia Otoni Pereira, Acadêmica de Direito (4º Período) Universidade Federal de Goiás (UFG), Cidade de Goiás.


Pernambuco ganha divisão para investigar crimes de homofobia

Vítimas e testemunhas de crimes de homofobia em Pernambuco agora contam com a Divisão de Apoio a Testemunhas e Vítimas de Intolerância (DIVTVIN), da Polícia Civil. Além do novo setor, que terá profissionais capacitados, esse tipo de crime passa a ser monitorado pelas estatísticas das ocorrências, que permitirá traçar perfis das vítimas e dos agressores.

Via - NE10

A divisão começou a ser estruturada em outubro dentro do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Imbiribeira, Zona Sul do Recife. Já funcionando plenamente de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h, sob o comando da delegada Gleide Ângelo, a Secretaria de Defesa Social (SDS) começa a divulgar o setor. Entre outros casos famosos, a delegada foi responsável pelas investigações da morte do ator Marcelo José da Silva, encontrado sem roupa na praia de Enseada dos Corais, Litoral Sul, em abril do ano passado.

Além de atender as ocorrências e investigar os crimes, também funcionará dentro do DIVTVIN um núcleo especializado para acolher as vítimas de agressões ligadas à homofobia, aprovado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP).

Para reforçar o trabalho da nova divisão, os crimes que violam os direitos também passarão a ter estatísticas próprias. Novos campos de informação e dados foram acrescentados aos boletins de ocorrência para que se comece a traçar um perfil das vítimas e autores desse tipo de crime.

PROJETO PILOTO - No início de dezembro a Delegacia de Casa Caiada recebeu o novo Sistema de Informações Policiais, o Infopol, para realizar os registros dos crimes de homofobia. A expectativa da Polícia Civil é que o sistema seja implantado em todas as delegacias do Estado, incluindo Agreste e Sertão, até março deste ano.

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Delegada Gleide Ângelo é a responsável pela Divisão de Apoio a Testemunhas e Vítimas de Intolerância

Fatos chocantes sobre a policia no Brasil que vão assustar você

Foto de Luiz Morier


Via - Folha Social
No Brasil não há pena de morte, salvo em caso de guerra declarada, no entanto, elaboramos alguns dados que irá fazer você refletir sobre a atuação da policia no Brasil. É importante lembrar que todos dados informados abaixo, são subestimados, já que eles dependem dá colaboração de órgãos ligados ao estado e a polícia. Veja:

1. Ação policial mata cinco pessoas por dia

Ação policial mata cinco pessoas por dia no Brasil.  As polícias civis e militares do país provocaram a morte de pelo menos 1,89 mil pessoas no ano passado,  uma média de cinco mortes por dia, de acordo com o 7º Anuário de Segurança Pública divulgado na capital paulista.

2. Só as PM's do Rio e de SP matam mais que países com pena de morte

Em 2011, foram divulgados dados pela Anistia Internacional que mostram que PM do Rio e de SP matam mais que países com pena de morte. Os dados mostram que 20 países em todo o planeta executaram 676 pessoas em 2011, já no Brasil, apenas os 2 estados mataram 961 pessoas.

3. Duas em cada três pessoas mortas pela PM, é preta ou parda

Duas em cada três pessoas  mortas por Policiais Militares em serviço na cidade de São Paulo são pardas ou pretas, aponta levantamento realizado pelo DIÁRIO. A proporção é superior a de negros na  população paulistana (38%) e também entre os presos do estado (54%).

4. A PM de SP mata mais que toda a Policia dos EUA, mesmo tendo uma população quase oito vezes menor.

Analisando as taxas de mortos por 100 mil habitantes, índice que geralmente é usado para aferir a criminalidade e comparar crimes em regiões diferentes, constata-se que no Estado de São Paulo, com população de 41 milhões de habitantes, a taxa é de 5,51. Já nos EUA, onde há 313 milhões, a taxa é de 0,63. Entre 2006 e 2010, 2.262 pessoas foram mortas após ''supostos confronto''s com PMs paulistas. Nos EUA, no mesmo período, conforme dados do FBI, foram 1.963 "homicídios justificados", o equivalente às resistências seguidas de morte registradas em São Paulo.

5. No Brasil, o risco de um Policial morrer é três vezes maior do que em outros países

O outro lado.Um dado revelado por uma pesquisa (mesmo órgão responsável pelo primeiro fato) foi que 23 policiais militares foram mortos em 2012 durante o serviço e 22 morreram fora do trabalho. Na Polícia Civil, o balanço foi cinco mortos em serviço e oito fora. “Ou seja: a polícia está matando muito e também morrendo muito. A instituição está falhando, não estamos protegendo o policial e não estamos protegendo a população”, disse o responsável pela pesquisa.

6.  Mais de 70% da população brasileira não confia na polícia 

Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) informa que mais 70% da população não confia nas polícias, mais popular apenas do que os partidos políticos, rejeitados por 95% dos brasileiros. Nos Estados Unidos, 88% da população confia em seus policiais, enquanto na Inglaterra esse índice é de 82%.

7. Em cerca de dez anos no RJ, dez mil pessoas morreram ou desapareceram após suposto confronto com policia

A OAB/RJ lançou em 2013 a campanha “Desaparecidos da Democracia”, cujos resultados mostram que mais de dez mil pessoas foram mortas sob suspeita de confronto com a polícia fluminense entre os anos de 2001 e 2011. Segundo o sociólogo organizador da campanha, Michel Misse, a polícia fluminense mata mais do que a de muitos países. Nos Estados Unidos, onde a polícia é conhecida pela truculência, são mortos anualmente em confronto uma média de 300 pessoas para uma população de aproximadamente 314 milhões (uma morte para cada 1.050.000 pessoas). Já no Rio de Janeiro são mil mortes para 16 milhões de habitantes (uma morte para cada 16.000 pessoas).

Jovem de 15 anos diz estar grávida de Cristo e família acredita; pastor é preso; Veja o vídeo


O "anúncio" de que o Espírito Santo precisaria de cinco mulheres para dar a luz a seus filhos foi o que motivou o pastor José Pedro Santos, de 60 anos, a abusar sexualmente de pelo menos cinco garotas na cidade de Pinheiro, no Maranhão. Das cinco vítimas do pastor, que são todas menores de idade, duas estão grávidas. A menina de 14 anos estaria no quarto mês de gestação, enquanto a de 15 anos estaria no oitavo.

No entanto, em depoimento à polícia após ser preso, o pastor negou que tenha abusado das meninas. Segundo ele, as duas garotas que estão grávidas receberam um verdadeiro "milagre".

Em entrevista à Rádio Mirante AM, a delegada da regional de Pinheiro, Laura Amélia Barbosa, explicou como funcionava este "milagre". Segundo a delegada, o pastor dizia que, certo dia, um anjo apareceu diante de seus olhos e o comunicou que o Espírito Santo estava em busca de mulheres para conceber os "salvadores do mundo".

E a história do pastor vai mais além. Após crescerem, estas cinco crianças se uniriam para destruir o "mundo dos pecadores" e construir um "novo mundo". Tanto que, durante seu depoimento à polícia, José Pedro Santos garantiu que as meninas continuam virgens apesar de estarem grávidas.

- Ele disse que foi um anjo que apareceu para ele e anunciou que cinco meninas iriam engravidar. E esse anjo mostrou uma coroa de fogo com o rosto das meninas dizendo que elas iriam engravidar do Espírito Santo. E então ele atribuiu isso a um milagre. Ele diz que as meninas são virgens e que tudo é um milagre de Deus. E essas crianças quando nascerem vão destruir o mundo dos pecadores e construir um novo - disse a delegada.

A delegada Laura Amélia Barbosa revelou, ainda, que já começou a ouvir as duas meninas que estão grávidas.

Segundo ela, as garotas dizem que os filhos que esperam são frutos do Espírito Santo. Mas confirmam que mantiveram relação sexual com o pastor.

O pastor José Pedro Santos está na Delegacia Regional de Pinheiro. A delegada pediu prisão preventiva de 30 dias para ele.




Fonte: Paraiba.com

Gastos com estádios da Copa superam repasses federais para educação

“Copa do Mundo, eu abro mão. Quero dinheiro pra saúde e educação”. Este foi um dos gritos mais ouvidos durante as manifestações de junho em diversas capitais brasileiras. De fato, ao comparar os investimentos do governo federal  com as bandeiras da população, as prioridades parecem não ser as mesmas.

O NÃO-LEGADO DA COPA DO MUNDO
Por Ciro Barros - Agência Publica

Um levantamento da organização Agência Pública mostra que, em nove das 12 cidades que abrigarão partidas da Copa do Mundo de 2014, o financiamento federal para construção e reformas de estádios entre 2010 e 2013 superou os repasses da União destinados à Educação nesses municípios. A entidade usou dados do Portal de Transparência da Controladoria Geral da União (CGU ). Segundo a organização, só Rio, Brasília e São Paulo receberam mais dinheiro para o Ensino do que para obras em campos de futebol no período.
O cálculo da Agência Pública, organização voltada para o jornalismo investigativo, considerou os repasses federais para os municípios, sem levar em conta a verba investida pelos estados e pelas prefeituras. Em Recife, segundo constatou a entidade, a Arena Pernambuco recebeu financiamento federal de R$ 400 milhões, enquanto o repasse da União para o Ensino nesse mesmo município ter ia ficado em R$ 123 milhões.
(Os dados dos repasses de cada estado clique na foto, ou aqui.)
 Publica
Em pesquisa feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o IBOPE, publicada no último dia 25 de julho, 7.686 entrevistados de 434 municípios apontaram como os setores mais críticos do país – entre 25 selecionados – a saúde (desaprovada por 71% dos entrevistados), a segurança pública e a educação (desaprovada por 37%). Nesse comparativo com os gastos federais, deixamos fora a segurança pública, atribuição principalmente dos Estados.

A Pública elencou os investimentos públicos relacionados ao evento e dividiu-os entre os que ficarão como desejável legado para população brasileira (aeroportos, portos e mobilidade urbana) e os que foram feitos exclusivamente para a realização do mundial – como os estádios, os gastos em telecomunicações, segurança, turismo, etc. – sempre utilizando como dado os valores contratados (consequentemente comprometidos) de acordo com o Portal da Transparência da CGU. Só nas estruturas provisórias, montadas para receber espaços de mídia, exposição comercial e atendimento a torcedores VIP, entre outras coisas, foram gastos R$ 208,8 milhões em verbas estaduais nas seis sedes da competição de 2013.





No quadro abaixo, é possível visualizar o total dos repasses do Governo Federal para saúde e educação entre os anos de 2010 e 2013. Os dados foram levantados a partir do Portal da Transparência da CGU. No caso de 2013, estavam disponíveis os repasses até o último mês de setembro. Os repasses para Brasília estão bem acima das demais cidades porque a União banca integralmente os gastos com saúde, educação e segurança pública da capital federal, enquanto as outras cidades contam com verbas estaduais e municipais para estas áreas.


Com relação às obras de mobilidade urbana, consideradas como principal legado para as cidades-sede, foi grande a redução do previsto na Matriz de Responsabilidade: em vez dos 50 empreendimentos previstos para o setor em 2010, apenas 35 intervenções urbanas – e mais dez obras destinadas a facilitar o acesso aos estádios – permaneceram. Algumas obras, como o BRT Pedro II/Carlos Luz, em Belo Horizonte, foram desmembradas em intervenções menores. Até agora 24 obras de mobilidade urbana em 10 cidades-sede já caíram. O investimento público que não se concretizou em todas elas chega a quase R$ 7 bilhões.




Em resposta à nota da CGU a Pública pede desculpas e esclarece que:
1- O repórter Ciro Barros conversou sim com a assessoria de imprensa da CGU em dezembro do ano passado e foi orientado a somar os gastos da rubrica “Educação”, identificados na reportagem como “repasses do governo federal à educação”. Cometemos um erro grave, evidentemente, embora de boa fé;
2- Ao identificar os repasses do Fundeb como “encargos especiais” e fora da rubrica “educação”, a CGU dificultou não apenas o trabalho do repórter – que não foi alertado para isso – mas o direito à transparência de todo e qualquer cidadão brasileiro;
3- Por esse motivo, a Pública se desculpa junto aos leitores e republicadores pela distorção do resultado e convida a CGU a revelar e publicar no Portal da Transparência os investimentos do governo federal em educação discriminando o quanto foi repassado para cada uma das 12 cidades-sede da Copa;
4- Quanto à natureza dos recursos, a opção foi editorial. Consideramos que os investimentos públicos – quer em forma de financiamento ou de gastos diretos – refletem prioridades do governo e isso está claramente assinalado na reportagem.

Seguidores da umbanda e do candomblé terão um espaço público para executar seus rituais sem poluir o meio ambiente carioca

Por Mariana Brugger - IstoÉ -     Um "macumbódromo" para o Rio

Num dia, bela oferenda. No outro, um monte de lixo. Perseguidas por seguidores de outras crenças e por ecologistas em função dos rituais nos quais depositam frutas, bebidas e flores para suas divindades, a umbanda e o candomblé vão ganhar o primeiro espaço público para realizar suas práticas sem poluir o meio ambiente. A Curva do S, no Alto da Boa Vista, zona norte do Rio, ganhará agora status de Espaço Sagrado. O local será pavimentado para não gerar incêndios e ganhará central de tratamento de resíduos religiosos e recantos para cada divindade (leia quadro). As obras começam em fevereiro e devem ficar prontas no segundo semestre.
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RECANTO
"O espaço sagrado acaba com a ideia distorcida
de que estamos fazendo algo irregular"
,
diz Mãe Fátima Damas. Abaixo, maquete do Espaço Sagrado
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Para dar forma ao Espaço Sagrado, a Secretaria de Meio Ambiente (SEA) do Estado do Rio de Janeiro, que está à frente do projeto, discutiu com representantes religiosos o que seria possível fazer para manter os rituais e preservar a natureza. Entre as sugestões estão o uso de folhas em vez de alguidar para depositar oferendas e coités em vez de taças de vidro. “O reconhecimento de um espaço para a gente por parte das autoridades acaba com aquela ideia distorcida de que estamos fazendo algo irregular”, explica Mãe Fátima Damas, presidente da Congregação Espírita Umbandista do Brasil (CEUB).
Entretanto, a experiência ainda é vista com desconfiança. “Apoiamos, desde que não encurralem a gente em um canto cercado e pequeno, sem policiamento”, pontua Dayse Freitas, diretora cultural da Federação Brasileira de Umbanda. Mãe Fátima lembra que, no projeto original, o local para acender velas será distante do espaço para oferendas. “Essa permissão só não pode significar a impossibilidade de uso de outros espaços públicos para rituais”, explica Sônia Giacomini, antropóloga do departamento de ciências sociais da PUC-Rio.
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O projeto pioneiro carioca poderá se multiplicar. Carlos Minc, secretário estadual de Meio Ambiente, já foi procurado por autoridades de outros Estados para compartilhar a experiência. “Outras duas áreas do Rio deverão receber Espaços Sagrados também”, afirmou. Dessa forma, será possível fugir de santuários e parques privados que cobram pela entrada para a prática de cultos. O Brasil conta com 589 mil praticantes de religiões de matriz africana, segundo o Censo 2010 do IBGE.  

Os descaminhos da Reforma Agrária - BALANÇO 2013


Comissão Pastoral da Terra - Regional Nordeste II lança Balanço e avaliação da Reforma Agrária no ano de 2013. 

O Estado brasileiro, por mais um ano, transformou os sonhos do Sem Terra e dos povos do campo em pesadelo. 2013 conseguiu ser ainda pior do que o ano anterior, que já registrava um dos piores índices da Reforma Agrária na história do país. Só após as muitas e exaustivas pressões dos movimentos sociais, a Presidenta Dilma Rousseff assinou, de última hora, decreto presidencial que desapropriou 92 áreas para a Reforma Agrária em todo o país.

Com as oito áreas que já haviam sido desapropriadas no mês de outubro, o ano de 2013 se encerra com cem desapropriações de Terras que poderão assentar menos de cinco mil famílias de trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra no Brasil. No entanto, estas famílias ainda terão que penar por mais alguns anos nos acampamentos até que ocorram as imissões de posses, em virtude da crítica lentidão na efetivação dos assentamentos, para a qual concorrem o Incra, o Ministério da Fazenda (TDA’s e créditos),  e o Poder Judiciário.

O número de famílias que poderão ser beneficiadas por estas desapropriações está muito distante da necessidade demandada pelos movimentos do campo, que afirmam ter no Brasil aproximadamente 200 mil famílias acampadas. Se continuar neste ritmo, o Governo Federal necessitará de mais 40 anos somente para zerar o atual passivo das famílias acampadas.

As recentes Medidas Provisórias anunciadas pelo Governo no fim de 2013 não deixaram dúvidas com relação à política de Reforma Agrária defendida pelo governo. Medidas que defendem a privatização dos assentamentos, a legalização da grilagem, a descentralização das políticas e o sepultamento do Incra, entre tantas outras que explicitam que é o Mercado quem regula o Estado na questão agrária e não o contrário, como determina a Constituição e como reivindicam os defensores da reforma agrária.

O Plano Nacional de Reforma Agrária, elaborado no início do Governo Lula, e até então nunca implementado, fica cada vez mais distante no horizonte das ações estatais. Vale salientar que tais medidas Anti-Reforma Agrária vem de muito longe, com o governo FHC, a partir da chamada “Reforma Agrária pelos correios”, do Banco da Terra, do Crédito Fundiário, da Medida Provisória que impede desapropriações em terras ocupadas por trabalhadores e trabalhadoras rurais.

Tais ações consolidam uma política de Estado de não-reforma agrária e que cria um mercado de terras para atender à demanda do capital no País e não a dos trabalhadores sem terras e do modelo sustentável que reivindicam.

Como se não bastasse, em 2013, as corporações internacionais avançaram a todo o vapor para controlar as terras brasileiras, a produção de alimentos e, assim, submeter o povo brasileiro à lógica do mercado e do capital internacional. O Brasil tornou-se um microcosmo deste projeto destrutivo e concentrador de desenvolvimento. A corrida pelo domínio da terra tornou os imóveis rurais o principal ativo econômico da atividade agrícola.
 
Com incentivos e apoios estatais, o Brasil vem assistindo a intensificação das dinâmicas de aquisição e dominação de novos territórios pelo capital e suas corporações. A expansão de empresas ligadas ao grande capital demonstra que a prioridade atual continua sendo a produção de monocultivos, criação de bovinos voltados para o mercado externo, atendendo à incessante demanda de expansão do cultivo de commodities e da mineração.

Violência no campo – O direito a vida também está sendo negado

Em 2013, os conflitos agrários no país estiveram hegemonicamente relacionados aos grandes projetos para estruturação e avanço do capital, como a construção de hidrelétricas, portos, mineradoras, obras da Copa, projetos de expansão do agronegócio, além de outras grandes obras de infraestrutura.

Esse contexto gerou vários conflitos territoriais que resultaram em intensas ações de violência e que tiveram grande repercussão nacional, envolvendo milhares de famílias camponesas e povos e comunidades tradicionais.

A título de exemplo, ressaltamos algumas dessas violências no Nordeste e em outras regiões brasileiras: o conflito territorial envolvendo milhares de famílias camponesas que resistem às violências desmedidas e cotidianas praticadas pelo Complexo Portuário de Suape, que através de uma série de ilegalidades e documentos fraudados, avança sob os territórios camponeses no litoral sul do Estado de Pernambuco; o Projeto de Irrigação da Chapada do Apodi, no Rio Grande do Norte, que revela a opção do Governo Federal em extinguir um dos territórios de convivência com o semiárido mais exemplares do Brasil, para beneficiar meia dúzia de grandes empresas do agronegócio. Ao Norte, no estado de Rondônia e no Pará, o conflito com povos indígenas em resistência às mineradoras e às hidrelétricas como a de Belo Monte e de Itapajó. No Centro-Oeste, em Mato Grosso do Sul, a resistência até as últimas consequências do povo indígena Guarani-Kaiowá em defesa de seu território. No Sul, os conflitos territoriais nos estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, também envolvendo a defesa dos territórios indígenas contra a ofensiva dos ruralistas.

A perversidade deste modelo de desenvolvimento, implementado pelo Estado Brasileiro, e dos grandes projetos para estruturação e avanço do capital, tem ameaçado a vida no campo. Este modelo, para se viabilizar, precisa cada vez mais de terra, água e de biodiversidade, causando conflitos com as populações que vivem tradicionalmente nestes territórios. Dados parciais da Comissão Pastoral da Terra (CPT), para o ano de 2013, registram 697 casos de violências contra camponeses ou camponesas em conflitos territoriais, além de 108 ameaças de morte. A maioria concentra-se no Norte e Nordeste do País.

Povos Tradicionais – Continua sem se respeitar o lugar que é deles

Entre os casos de violências registrados parcialmente pela CPT em 2013, destacam-se os conflitos territoriais envolvendo as populações indígenas. Dos números parciais de assassinatos no campo em 2013, aproximadamente 50% das vítimas foram indígenas. As ações de mobilizações e retomadas de Terras Indígenas também foram as que mais se sobrepuseram em todo o país.

Em 2013, os povos originários sofreram todos os tipos de violência, desde ameaças, assassinatos, perseguições - provocadas pelos grandes latifundiários e empreendimentos do capital - até a violência praticada pelo próprio Estado Brasileiro, através da força policial, do Poder Judiciário e das portarias e decretos que limitam as demarcações dos territórios.

A relação de conflito envolvendo o Estado, o capital e as populações tradicionais revela que o país vive uma crise de destino. Nestes territórios tradicionais também se concretiza a luta de classes. A vida dos povos do campo, das florestas e das águas está relacionada à possibilidade de permanência nestes territórios. São neles que se praticam as mais diversas formas milenares de saberes e fazeres de maneira entrelaçada com a natureza. A apropriação dos territórios camponeses e indígenas pelo capital representa a morte física e cultural, material e simbólica de nossas raízes e da possibilidade de Vida para as futuras gerações.

Transgênicos e Agrotóxicos: Aumenta o veneno em nossa mesa

Ainda em 2013, a atuação do Governo Federal em relação à liberação de sementes transgênicas permaneceu vergonhosa. O país mostrou que, cada vez mais, segue refém dos interesses de empresas transnacionais, como a Monsanto, a Sygenta, Bunge, entre outras. Este fato explicita que o Governo Brasileiro coloca em jogo a soberania alimentar de seu próprio país, aniquilando o direito dos agricultores e agricultoras de cultivarem suas próprias sementes e de levarem comida saudável para a mesa do povo brasileiro.

Com relação aos agrotóxicos, a tendência de uso intensivo permaneceu em 2013. De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), o mercado brasileiro de agrotóxicos movimentou, só em 2012, US$ 9,7 bilhões. Hoje, o país já é responsável por 20% de todos os venenos despejados na agricultura no mundo. Atualmente, a avaliação dos agrotóxicos seria um dever conjunto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Tais órgãos deveriam avaliar a eficiência agronômica do produto, os efeitos à saúde humana e conferir os impactos ambientais, respectivamente.

Visando a elevação ainda mais significativa do comércio de agrotóxicos, o agronegócio agora opera para promover o desmonte desse controle Estatal, já considerado ineficiente e frágil. Grandes Corporações, com apoio da bancada ruralista, defendem a criação de uma nova Comissão, formada por 13 a 16 membros, sem a participação da ANVISA e do IBAMA e subordinada à Casa Civil, que assumiria a função de deliberar sobre a aprovação ou não do registro de um determinado agrotóxico.

Trabalho escravo: De Volta à Casa Grande

A conjuntura de 2013 traz o ano todo a ofensiva ininterrupta dos ruralistas contra o conceito de trabalho escravo. O Projeto de Lei Constitucional PEC 57-A/99, aprovado na Câmara dos Deputados em 2012, possibilita a expropriação das propriedades urbanas e rurais onde for localizada a prática do trabalho escravo. A medida foi apoiada por diversas entidades da sociedade civil.

No segundo semestre de 2013, por manobra da bancada ruralista, passou-se a exigir uma revisão do conceito de trabalho escravo. Os ruralistas querem restringir a definição do Trabalho Escravo às formas de exploração que remetem às condições de trabalho escravo do século XVI, como o trabalho acorrentado e chicoteado. A ação intencional visa desconsiderar as características da escravidão moderna (jornada exaustiva, condições degradantes, etc).

A bancada ruralista, que sempre esteve contrária ao confisco da propriedade, quer impor suas condições da definição de trabalho escravo do jeito que lhe convém, através da proposta de Lei (PLS 432) do senador Romero Jucá. A regulamentação proposta pelo mencionado senador, visando atender ao interesse dos grandes proprietários, retira toda eficácia da PEC do Trabalho Escravo, contribuindo, assim, para que esta prática continue sendo comum no Brasil. Os ruralistas querem a volta da Casa Grande e de suas práticas desumanas, para que os escravagistas voltem a reinar, agora com o nome de agronegócio.

Lutas que marcaram 2013

Mesmo diante de todas as dificuldades impostas pelo Estado e pelo agronegócio, os camponeses e camponesas continuaram lutando pela Reforma Agrária, pelos seus territórios tradicionalmente ocupados e seguiram resistindo ao avanço do latifúndio, do agronegócio e das corporações.  

Algumas destas grandes mobilizações marcaram este ano que se encerra, como a jornada das mulheres da Via Campesina, realizada em março e que mobilizou mais de 10 mil camponesas em todo o país para exigir o assentamento das 200 mil famílias acampadas. Outra frente importante foi a das  mulheres que, em defesa de direitos e de um novo modelo socio-econômico-ambiental para o Campo,  organizaram, em vários estados brasileiros, ocupações de terras, de empresas de agrotóxicos, de Usinas de cana de açúcar, de prédios públicos, além da realização de marchas e bloqueio de rodovias.

Também no mês de março, relembramos o início do acampamento da Via Campesina, realizado em Brasília e que durou três meses. Neste período, foram realizadas marchas, ocupações de Ministérios, além de manifestações e atos políticos.

Ainda em março, por ocasião do dia Internacional de lutas contra as barragens, pelos rios, pela água e pela vida, o Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB) organizou jornadas de lutas nacional com o objetivo de fortalecer o apelo pela defesa dos rios, da água e da vida.

Em abril, o MST organizou sua jornada de caráter nacional, com mobilizações em 19 estados, além do Distrito Federal. Foram mais ocupações de terras e mobilizações em prédios públicos, prefeituras e realização de marchas em todo o país.

Em abril também foi realizado a 11ª edição do Abril Indígena ou Acampamento Terra Livre, que representou um passo significativo para denunciar e tornar mais visível a situação de violência em que vivem os povos indígenas em todo o país,  principalmente as praticadas pelo próprio Estado brasileiro. Cerca de 700 indígenas ocuparam o plenário da Câmara dos Deputados, produzindo uma imagem marcante que rodou o país e o mundo, onde os deputados corriam apavorados diante da investida pacífica dos indígenas, que exigiam a suspensão da PEC 215, referente a mudanças na competência de demarcação de seus
territórios.

O movimento sindical também ocupou as ruas em 2013, a exemplo da realização de mais uma edição do Grito da Terra, realizado em Brasília no mês de maio. A mobilização nacional, que reuniu milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais, foi precedida de um conjunto de manifestações estaduais e regionais.

Nos meses de junho e julho, as organizações que atuam no campo se somaram às dezenas de manifestações populares que emergiram em diversas cidades do país. Os povos do campo saíram as ruas de inúmeras cidades do país, trancaram rodovias, ocuparam prefeituras e órgãos públicos para exigir e colocar em pauta a necessidade urgente da realização de uma ampla Reforma Agrária.

Em outubro, as mobilizações ocorreram em torno da Jornada Unitária por Soberania Alimentar. Na ocasião, os povos do campo, mais uma vez, promoveram um conjunto de ações e mobilizações, como marchas, ocupações de terras e de prédios públicos.

O ano de 2013 também destacou-se pela luta para a regularização dos territórios pesqueiros no país. Embora seja uma atividade milenar, os pescadores e as pescadoras artesanais não possuem normativas que assegurem os seus territórios. A pesca artesanal, grande celeiro de alimentos, que produz 70% do pescado no Brasil, está sendo ameaçada pelos grandes empreendimentos em torno dos portos, da especulação imobiliária, e pela degradação dos ambientes costeiros e das águas interioranas.

Estamos todos e todas convocados a caminharmos  firmes como quem enxerga o invisível.

A luta pela Terra e pelo território, historicamente defendida pelos movimentos sociais e necessária para transformar verdadeiramente a estrutura fundiária e de poder no país, não existe no horizonte do Estado brasileiro. Este, por seu turno, desde sua constituição, caminhou ao lado do latifúndio, do agronegócio e do capital. As forças conservadoras utilizam a mídia e outros aparelhos ideológicos existentes para anunciar a falsa ideia de que o agronegócio e o desenvolvimentismo são as únicas possibilidades históricas para o campo brasileiro.

Os diversos povos da terra e das águas encontram-se em pleno processo de genocídio e de extinção. Cabe a eles assumir a responsabilidade da realização da Reforma Agrária e da conquista de seus territórios. Frente a este cenário, acreditamos na mística dos povos, na sua força e na capacidade criativa nas lutas e resistências. Às organizações sociais e à sociedade cabe mergulhar nas correntezas subterrâneas e ouvir os clamores que vem das Terras, das florestas e das águas.

CPT - Comissão Pastoral da Terra

ONU: uma em cada oito pessoas no mundo dorme com fome todos os dias

Por Ana Duarte Carmo
Da Rádio ONU
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, lançou uma lista com os 10 fatos mais importantes sobre a fome no mundo. A agência da ONU aponta para a importância desta informação ser do conhecimento de todos em 2014.
Quantas pessoas no mundo têm fome? Será que este número está a decrescer? Que consequências a fome terá para as crianças? O que podemos fazer para ajudá-las? Estas são algumas das questões a que o PMA procura responder, com uma lista que contribui para a reflexão de final de ano.
1 – Cerca de 842 milhões de pessoas no mundo não se alimentam em quantidade suficiente para serem saudáveis. Dados revelam que uma em cada oito pessoas vai dormir com fome todos os dias.
2 – O número de pessoas que sofrem de fome crônica diminuiu 17 por cento desde 1990-1992. Se esta tendência se mantiver, o mundo chegará perto de atingir a meta do Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de redução da fome mundial.
3 – O Sul da Ásia é a região onde se concentra um maior número de pessoas subnutridas. As outras regiões mais afetadas são a África Subsaariana e a Ásia Oriental.
4 – Um terço de todas as mortes de crianças menores de cinco anos, nos países em desenvolvimento, está relacionado à desnutrição.
5 – Nos países em desenvolvimento, uma em cada quatro crianças sofre de atrofia. A alimentação inadequada prejudica os crescimentos físico e mental.
6 – Os primeiros 1000 dias da vida de uma criança, desde a gravidez até dois anos de idade, são cruciais. Durante este período, uma dieta adequada pode proteger as crianças de atrofia mental e física, que é resultante de situações de desnutrição.
7 – O número de famintos no mundo poderia ser reduzido se houvesse igualdade de recursos para as agricultoras. Se as mulheres tivessem acesso aos mesmos recursos que os homens, na agricultura, o número de famintos no mundo poderia ter uma redução de até 150 milhões.
8 – Fornecer todas as vitaminas e nutrientes necessários para que uma criança cresça saudável tem um custo de apenas US$ 0,25 por dia.
9 – Até 2050, as alterações climáticas podem conduzir até mais 24 milhões de crianças à fome. Quase metade das crianças atingidas estaria na África Subsaariana.
10 – É possivel eliminar a fome das nossas vidas.
O Desafio “Fome Zero”, lançado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, procura conseguir o apoio global para a concretização desse objetivo.

Breve história crítica dos feminismos no Brasil

Excluídas da história oficial, as mulheres fazem do ato de contar a própria trajetória uma forma de resistência. Neste ensaio, publicado na...