Via Bolg kika castro
Como eu disse, acho que este julgamento está com as cartas marcadas, então me sinto desanimada para escrever a respeito. Amanhã, quem sabe, comento o resultado óbvio.
Mas retomando minha linha de raciocínio da primeira frase deste post, algumas notícias importantes, que não deveriam passar batido, acabaram não recebendo o destaque e repercussão necessários. É o caso desta: “Aumento de bilionários em 2017 poderia acabar com a extrema pobreza por 7 vezes“.
São tantos números absurdos, a desigualdade de renda está tão desigual, especialmente no Brasil, que a gente fica meio sem palavras. Recomendo a leitura na íntegra desta matéria da Agência Brasil e também da versão da Folha, mas abaixo destaco meus trechos surrealistas favoritos:
- De toda a riqueza gerada no mundo em 2017, 82% ficaram concentrados nas mãos dos que estão na faixa de 1% mais rica, enquanto a metade mais pobre – o equivalente a 3,7 bilhões de pessoas – não ficou com nada.
- Houve um aumento histórico no número de bilionários no ano passado: um a mais a cada dois dias. Esse aumento seria suficiente para acabar sete vezes com a pobreza extrema no planeta.
- Atualmente há 2.043 bilionários no mundo. A concentração de riqueza também reflete a disparidade de gênero, pois a cada dez bilionários nove são homens.
- O Brasil ganhou 12 bilionários a mais no período, passando de 31 para 43.
- O patrimônio dos bilionários brasileiros alcançou R$ 549 bilhões no ano passado, um crescimento de 13% em relação a 2016. Por outro lado, os 50% mais pobres tiveram a sua fatia na renda nacional reduzida de 2,7% para 2%.
- Um brasileiro que ganha um salário mínimo precisaria trabalhar 19 anos para ganhar o mesmo que recebe em um mês uma pessoa enquadrada entre o 0,1% mais rico.
- No Brasil, as alíquotas de imposto sobre herança chegam no máximo a 8%, quando no Reino Unido, por exemplo, podem atingir 40%.
- Os 10% mais pobres do país gastam 32% de sua renda em tributos, a maior parte deles indiretos (sobre bens e serviços), e os 10% mais ricos gastam 21%.
- Cinco bilionários brasileiros concentram o equivalente à metade da população do país.
- De novo: “O país ganhou 12 novos bilionários em 2017. Hoje, eles somam 43 ultrarricos. Cinco deles têm riqueza igual à da metade da população brasileira. O país foi apontado por diversos estudos como um dos mais desiguais do mundo.”
Ah sim, quer saber quem são esses bilionários brasileiros? Aí está a lista da Forbes de 2017:
1. Jorge Paulo Lemann – US$ 29,2 bilhões (AB/Inbev)2. Joseph Safra – US$ 20,5 bilhões (Banco Safra)3. Marcel Telles – US$ 14,8 bilhões (AB/Inbev)4. Carlos Alberto Sicupira – US$ 12,5 bilhões (AB/Inbev)5. Eduardo Saverin – US$ 7,9 bilhões (Facebook)6. Ermirio Pereira de Moraes – US$ 3,9 bilhões (Votorantim)7. Maria Helena Moraes Scripilliti – US$ 3,9 bilhões (Votorantim)8. José Roberto Marinho – US$ 3,8 bilhões (Grupo Globo)9. Roberto Irineu Marinho – US$ 3,8 bilhões (Grupo Globo)10. João Roberto Marinho – US$ 3,7 bilhões (Grupo Globo)11. Abilio Diniz – US$ 3,3 bilhões (BRF/Carrefour)12. Walter Faria – US$ 3,3 bilhões (Grupo Petrópolis)13. Jorge Moll Filho – US$ 3,2 bilhões (Rede D’Or)14. Fernando Roberto Moreira Salles – US$ 3,2 bilhões (Itaú Unibanco)15. João Moreira Salles – US$ 3,2 bilhões (Itaú Unibanco)16. Pedro Moreira Salles – US$ 3,2 bilhões (Itaú Unibanco)17. Walther Moreira Salles – US$ 3,2 bilhões(Itaú Unibanco)18. Rossana Camargo de Arruda Botelho – US$ 3,1 bilhão (Camargo Corrêa)19. Renata de Camargo Nascimento – US$ 1,9 bilhão (Camargo Corrêa)20. Regina de Camargo Pires Oliveira Dias – US$ 3,1 bilhão (Camargo Corrêa)21. Aloysio de Andrade Faria – US$ 2,4 bilhões bilhão (Banco Alfa)22. José Luís Cutrale – US$ 2,2 bilhões (Cutrale)23. Alexandre Grendene Bartelle – US$ 2 bilhões (Grendene)24. Alfredo Egydio Arruda Villela Filho – US$ 1,9 bilhão (Itaú Unibanco)25. Júlio Bozano – US$ 1,8 bilhão (Grupo Bozano)26. Dulce Pugliese de Godoy Bueno – US$ 1,8 bilhão (Amil)27. André Esteves – US$ 1,8 bilhão (BTG Pactual)28. Carlos Sanchez – US$ 1,8 bilhão (EMS)29. Ana Lucia de Mattos Barretto Villela – US$ 1,7 bilhão (Itaú Unibanco)30. Jayme Garfinkel – US$ 1,5 bilhão (Porto Seguro)31. Liu Ming Chung – US$ 1,5 bilhão – (Nine Dragons)32. Ana Maria Marcondes Penido Sant’Anna – US$ 1,5 bilhão (CCR)33. José Isaac Peres – US$ 1,5 bilhão (Multiplan)34. João Alves de Queiróz Filho – US$ 1,4 bilhão (Hypermarcas)35. Rubens Ometto Silveira Mello -US$ 1,4 bilhão (Cosan)36. Lírio Parisotto – US$ 1,4 bilhão (Videolar-Innova)37. Lina Maria Aguiar – US$ 1,3 bilhão (Bradesco)38. Maurizio Billi – US$ 1,3 bilhão (Eurofarma)39. Nevaldo Rocha – US$ 1,3 bilhão (Riachuelo)40. Antonio Luiz Seabra – US$ 1,3 bilhão (Natura)41. Miguel Krigsner – US$ 1,2 bilhão (Grupo O Boticário)42. Lia Maria Aguiar – US$ 1,1 bilhão (Bradesco)43. Daisy Iguel – US$ 1,1 bilhão (Grupo Ultra)
Durante o governo Lula, este que está para ser julgado em segunda instância, conseguimos sair do Mapa da Fome, tiramos muitas crianças das ruas com o Bolsa Família e reduzimos a pobreza no Brasil. Mas nem toda a política social promovida nos primeiros anos do governo federal petista conseguiram acabar com essa desigualdade de renda histórica, só piorada nos últimos três anos (até porque os banqueiros e ricaços também foram muito beneficiados no período). E agora é que esse problema não será resolvido tão cedo.
Ah, sim: e estamos caminhando para retomar o posto no Mapa da Fome…
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