Em Dubai, Jovem é presa por ser estuprada

d1f7e812-2055-4564-8889-6e3b2a086f71_992809_10153026174075344_969398389_n
Publicado em 20 de julho de 2013 | por Gustavo Magnani


Dubai, diferente do que muitos pensam, não é um país -mentalmente- moderno. À notícia, senhoras e senhores:
Não bastasse o estupro ser uma das experiências mais traumáticas na vida de uma pessoa, a norueguesa  Marte Deborah Dalelv, que passava férias em Dubai, foi condenada há 16 meses de prisão após o acontecido. Pelo o que? Por ser estuprada, mas, de acordo com as autoridades locais, seu julgamento deriva por fazer sexo fora do casamento! Nos emirados árabes, isto(fazer sexo) é considerado um crime, mas  estupro, se não for atestado por outros quatro homens que tenham presenciado o ato, ou que o agressor confesse, simplesmente não existe.
A vítima ainda foi alvo de piadas, quando autoridades locais teriam perguntado a ela “você está denunciando por que não gostou do sexo?”. A moça ainda será condenada por ingerir bebida alcoólica e perjúrio.
Longe de conseguir o tratamento que lhe seria digno por parte da polícia, Marte passou vários dias em uma cela, até que finalmente entrou em contato por telefone com seus parentes e o consulado norueguês.
Diante do caso, o ministro das Relações Exteriores norueguês, Espen Barth Eide, anunciou nesta sexta-feira (19) em sua conta do Twitter que vai apoiar a jovem judicialmente. “A sentença em Dubai a uma norueguesa que denunciou um estupro é contrária a nosso sentido da justiça. Daremos a ela apoio no processo de apelação”. [retirado de fashionatto]
a frase inicial do artigo expõe um contraponto pouco conhecido: o atraso de suas leis (Dubai), principalmente relacionadas às mulheres. Não é novidade tocar no ponto da maneira que a religião islã (de maneira estereotipada) trata as mulheres. Saliento que é um estereótipo, pois nem todo muçulmano é machista e isso é óbvio. Inclusive, viajei ao Egito mês passado e o país de maioria muçulmana, em grande parte, trata normalmente suas mulheres, ressaltando que o marido acha que manda, mas, no fundo, a mulher que é o porto forte da família.
Veja bem, estou apenas relatando o dito por mais de um guia. Todavia, isso não significa, também, que não exista machismo nos países islâmicos, como bem sabemos e como podemos notar de maneira lamentável no caso em questão. O grande problema, infelizmente, continua sendo os fatores religiosos.
Uma mulher que é estuprada ser presa por fazer sexo fora do casamento não tem a menor lógica. É falta de inteligência e de humanidade, principalmente. É um passo fora daquilo que aceitamos como “admissível” por ser uma cultura diferente, pois não faz sentido e Noruega tem, sim, que intervir.
Afinal, Dubai vende-se como um paraíso turístico [no qual você não pode entrar se tiver Israel carimbado no seu passaporte. Dá pra acreditar?] e “abriga” todos os povos. Existem leis nesse país? Naturalmente. Mas, isso Não significa de maneira alguma que todas devem ser aplicadas.
Em menor escala, lembro do caso do italiano que deu um beijo em sua família na piscina do hotel e foi denunciado, preso, não me recordo direito, aqui no Brasil. Enquanto para ele era algo normal – inclusive aqui, quantas mães/pais dão selinhos em seus filhos? -, para as pessoas ao redor, não era.
No caso da norueguesa, tudo fica ainda pior, pois ela foi estuprada! Algum homem foi capaz de tirar seu pinto/pênis/pau/caralho, como preferir, e colocar na mulher sem o consentimentos da própria, forçando-a a ter relações com ele, que já deveria saber de sua impunidade.
Ainda mais triste é pensar nas mulheres que lá vivem diariamente e estão submetidas a ações semelhantes, sem suporte do Estado – com deboche, pra ajudar – e destinadas a abaixar sua cabeça quando algum homem a aborda. Aliás, provavelmente caso uma mulher agrida um homem [mesmo nessas circunstâncias], é capaz dela ser punida e ele sair livremente.
Fonte - Literatortura

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Breve história crítica dos feminismos no Brasil

Excluídas da história oficial, as mulheres fazem do ato de contar a própria trajetória uma forma de resistência. Neste ensaio, publicado na...