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Foto: “A Metamorfose de Narciso“, Salvador Dali (1937)
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Autor: Sandro Ari Andrade de Miranda
Meu pecado é ser livre,
desordeiro, insano, lascivo, incontrolável,
amante das rebeliões,
inimigo da ordem e do controle.
Vivo em eterna rebeldia
entrego-me ao amor como à vida,
de forma intensa, abrupta e sanguínea.
Meu espírito se espalha pelos poros como lava
de um vulcão que arde nos momentos de fúria.
Não sou escravo, aceito a minha natureza impura,
indecente como indecente é a minha loucura
que grita pelos ares contra a razão mesquinha.
Meu pecado é ser verdadeiro.
Não tenho medo de julgamentos,
nem das dores das correntes que nos aprisionam.
Contra elas lanço a minha raiva e me liberto.
Não uso uniformes, não respeitos padrões
até meus versos são disformes e sem rimas!
Minha alma se transforma como o vento,
em alguns momentos é leve como a brisa,
em outros destroça barreiras como os furacões.
Por isto levo o perigo aos acovardados e submissos.
Meu pecado é ser louco,
pois somente os loucos conseguem ver além da normalidade.
Já naveguei por mares infinitos no universo dos meus sonhos,
cantei no silêncio, subi nos muros
apenas para ver as cores do céu na explosão da aurora.
Não me entrego, sou arredio…
corro pelos campos em busca de energia
e deito junto à terra apenas para aquecer meus sentidos.
Desenho novos mundos, todos invertidos
como invertidas são as esperanças frente ao mundo dominante.
Meu pecado é amar como amam os poetas.
Meu coração permanece em constante agonia
porque ao amor eu entrego o que tenho de mais completo.
Sou um eterno apaixonado pela arte, pelas cores, pela vida,
pela doçura do toque das mãos que se entrelaçam
e pelo fogo ardente dos corpos quando se encontram.
Pois amar é vida, é rebeldia, incerteza.
Querer amar com as respostas preestabelecidas é derrota.
Pois o amor é subversivo, é a revolução da alma
e somente quem está preparado para uma vida infinita poderá sentir toda a sua grandeza.
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