MEU SILÊNCIO


Autor: Um Alguém
Decidi que as palavras não têm mais valor.
Tornaram-se vazias de conteúdo.
Meus sonhos perderam-se no tempo por falta de sentido.
Minha voz, calou.

Não acredito! Perdi meus versos…
Estou cansando de olhar a janela e ver a dor caminhando por entre as ruas,
ver o ódio dominando firmemente os corações,
viver em um imenso espaço esquecido.

Qual o sentido de sair por aí defendo ideais,
se mesmo aqueles que assumem defende-los optam pelo esquecimento?
Qual a vantagem de gritar por liberdade
se apenas nos resta a prisão?

Somos escravos do tempo,
somos escravos da métrica,
das decisões concentradas em poucas mãos,
somos, apenas, escravos…

Não acredito mais na paz,
apenas a guerra tem voz!
Apenas o sangue daqueles menos afortunados é derramado
e o desejo vil do enriquecimento pelas armas venceu.

Não me falem em amor!
Amor é para os fracos, para aqueles que sonham!
Quem dá as cartas é o ódio, o desejo pérfido de vingança,
a vontade única de ver o sofrimento alheio.

Não aguento mais tentar falar, tentar gritar,
nem mais a frustação dos diálogos bloqueados.
Resta-me, apenas, reproduzir o silêncio.
Sufocar as minhas palavras.

Serei condenado eu sei, pois afinal, a paz é interior!
A felicidade somente pode ser encontrada dentro de si.
Devemos ser pedras duras e jamais tentar viver em sociedade.
Tudo é interno. Somos a síntese pura do domínio do dinheiro.

Não pensem em política,
esta foi destruída por aqueles que pensam apenas em si.
A política virou um projeto pessoal.
E Maquiavel, coitado, foi deturpado.

Esperança, sonhos, utopias, amor…
são apenas palavras feias, esquecidas no novo dicionário.
Nunca utilize estas palavras,
pois mais que acredites, são apenas ofensas.

Pois este, senhoras e senhores, é o mundo em que vivemos!
A história terminou!
Nada mais tem sentido!
Apenas um silêncio cruel, violento, domina

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