Ditadura no ensino: Professora recorre à Justiça para voltar a dar aulas em colégio militar

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Publicado em 10 de agosto de 2013 | por Werlish
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Na última semana, um caso ocorrido no Colégio Militar de Porto Alegre teve grande repercussão na mídia.  A professora de história da instituição, Silvana Schuler Pineda (50), conseguiu na Justiça Federal o direito de retomar suas atividades após ser afastada por discordar do uso do material didático utilizado no colégio. O livro em questão, que aborda a história do Brasil pró-ditadura, faz parte da “Coleção Marechal Trompowsky”, uma coletânea organizada pela Biblioteca do Exército (BIBLIEx).
A professora havia sido afastada por se negar a utilizar a obra a qual, em suas palavras, omite as violações aos direitos humanos, assassinatos e torturas promovidas pelas Forças Armadas durante o período do regime militar (1964-1985). Silvana faz parte do quadro de professores civis da instituição (os colégios militares possuem tanto docentes civis como militares) e foi retirada em abril de suas aulas periódicas do nono ano, sendo relocada em um curso preparatório opcional e tarefas de planejamento.
De acordo com Silvana, a própria Associação Nacional de História contesta o uso da Coleção nas escolas, fato que foi discutido em diversas reuniões de professores. A prof.ª vê no afastamento uma retaliação por sua atuação em uma associação de servidores civis e afirma ainda que não é a única na escola a criticar a obra. “Passei a sofrer pressão: ou eu voltava atrás ou seria punida”, disse a professora à Folha de S. Paulo. “É um colégio militar, mas não posso deixar do lado de fora meus direitos e cidadania quando entro para trabalhar”, afirmou a educadora.
Dentro do sistema de ensino dos colégios militares, o golpe de 64, pelo viés da instituição, é apresentado como uma Revolução, sendo um movimento necessário para resguardar a democracia no país diante do avanço do comunismo no governo Jango. Em resposta à Justiça Federal, o comando do Exército, por meio da Advocacia-Geral da União, afirmou que o ensino militar tem legislação própria e que possui a finalidade de “promover a educação afinada com tradições” da corporação e de despertar vocações para a carreira na área. O comando também argumenta que apenas fez uma “redistribuição da carga horária” da professora, a quem chamou de “intransigente”.
A decisão judicial que determinou a volta ao trabalho da prof.ª foi tomada no início de julho e, a partir deste mês, a educadora já pode retomar suas aulas normalmente
Fonte - Literatortura

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